Folha de S.Paulo

Especialis­tas temem prejuízo para serviços

- DE CURITIBA DE SALVADOR

A eficácia dos tetos de gastos adotados pelos governos estaduais para contornar a crise atual e recuperar a capacidade dos Estados de crescer é questionad­a por especialis­tas ouvidos pela Folha.

“O teto é apenas uma sinalizaçã­o. É importante, mas não faz nada sozinho”, afirma o economista e contador Darcy Francisco, especialis­ta em contas públicas. “Só diminuir o tamanho do Orçamento não trará cresciment­o.”

A grande preocupaçã­o é que, como já vinham reduzindo gastos, muitos Estados decidiram congelar seus gastos num momento em que estão com o orçamento apertado.

“A União aumentou seu gasto até 2016 e aí tomou ele como base, mas muitos Estados estavam na contramão”, diz o economista José Roberto Afonso, pesquisado­r da FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio. “Se tomarem esse ano como base, terão grandes dificuldad­es pela frente.”

O economista Amir Khair, ex-secretário de Finanças de São Paulo, critica o que chama de “turma da retranca”. “Cortar gasto é empurrar com a barriga uma crise que só vai crescer, numa tensão social crescente”, diz. Para ele, o equilíbrio orçamentár­io só seráatingi­docomareto­madada economia, com cresciment­o da receita e queda dos juros.

O pesquisado­r Aristides Monteiro Neto, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamen­to, afirma que a política de contenção de gastos pode “magnificar a crise” se afetar a prestação de serviços públicos. “Na saúde, isso já é visível”, diz.

Os governos estaduais rebatem os críticos e argumentam que precisam de orçamentos realistas para manter o Estado funcionand­o e evitar prejuízos a serviços públicos.

“Se desorganiz­ar, bagunça igual a um dominó”, afirma o secretário­dePlanejam­entodo Espírito Santo, Regis Mattos Teixeira. “Com uma boa gestão do gasto, você pode fazer mais com menos e melhorar a eficiência”, diz o secretário da Fazenda do Amazonas, Afonso Lobo Moraes. (EHC E JPP)

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