Folha de S.Paulo

Companhias tradiciona­is lideram compra de start-ups

Empresas da velha economia superam as de tecnologia na aquisição de iniciantes

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Inovações como casas conectadas e carros autoguiado­s levam indústria a buscar tecnologia em novatas

Por anos, fusões e aquisições foram simples na tecnologia: os bancos de investimen­to tinham uma lista de empresasco­moGoogleeI­BM, com histórico no ramo e capital para investir. Quando chegava a hora e o preço certos, eles buscavam aproximar essas gigantes da tecnologia de uma empresa iniciante. Assim surgia uma operação.

Hoje, o clube das empresas que fazem aquisições na área cresceu. Todo tipo de companhia, inclusive centenária­s da indústria como a General Motors e a General Electric, está entre as que começaram a adquirir start-ups.

Isso porque a tecnologia tem feito mudanças radicais em setores tradiciona­is. Novidades como casas conectadas e carros autoguiado­s estão demolindo velhos modelos. E as empresas perceberam que desenvolve­r tecnologia por conta própria pode levar a derrotas diante de ágeis start-ups.

Empresas fora do setor de tecnologia estão mais agressivas, com mais de US$ 125 bilhões em aquisições em 2016. Há cinco anos, esse movimento foi de US$ 20 bilhões.

O Walmart adquiriu a start- up de comércio eletrônico Jet. com, e a General Electric fechou acordo para comprar a ServiceMax, de software. A Roper Technologi­es, outro conglomera­do industrial secular, levou a Deltek, de software. Montadoras como General Motors e Daimler têm grandes participaç­ões em empresas de serviços de carros, como a Lyft e a Hailo.

No ano passado, o número de empresas de tecnologia vendidas a companhias de fora do setor ultrapasso­u, pela primeira vez na era da internet, o número de aquisições de uma empresa de tecnologia por outra, segundo a Bloomberg. Excluídas as aquisições por grupos de capital privado, 682 empresas de tecnologia foram compradas por empresas de outros setores, enquanto 655 foram adquiridas por outras de tecnologia.

E a tendência se mantém. Presidente­s de empresas não tecnológic­as têm participad­o de conferênci­as de tecnologia para vislumbrar alvos.

Os chamados unicórnios (empresas de capital fechado com avaliações de mercado superiores a US$ 1 bilhão) podem se sentir mais inclinados a vender seu controle acionário neste ano, já que em 2016 poucos deles abriram capital ou foram vendidos.

Só 20 empresas de tecnologia abriram capital em 2016, o menor número desde 2009, segundo a Thomson Reuters. Com quase 200 unicórnios, pode haver novas vendas neste ano.

Os executivos de fora do setor de tecnologia estão se tornando mais ativos porque agora se sentem mais confortáve­is com a tecnologia.

A General Electric transferiu sua sede para Boston, um polo mais forte de tecnologia estart-upsquesuaa­nteriorcid­ade, Fairfield, em Connecticu­t. Nos novos comerciais da empresa o lema é “a companhia digital. Que também é uma companhia industrial”.

Darius Adamczyk, que vai assumir em breve a presidênci­a da Honeywell, foi presidente de uma empresa de tecnologia adquirida pela Honeywell oito anos atrás.

Empresas como a gestora deplanosde­saúdeUnite­dHealth Group, a fabricante de equipament­o militar Northrop Grumman e as lojas de departamen­tos Macy’s estão entre as que ofereceram mais emprego relacionad­os à tecnologia nos últimos meses, segundo o site de colocação profission­al Monster.com.

O próximo desafio, para muitas empresas, pode ser integrar as start-ups de tecnologia aos negócios principais.

Quando empresas tradiciona­is compravam pequenas companhias de tecnologia, costumavam colocá-las em uma “divisão digital” separada do restante dos negócios.

Isso também precisa mudar, disse Aryeh Bourkoff, fundador do banco de investimen­to LionTree.

“A tecnologia não deve ser uma divisão da empresa. Deve ser integrada.” PAULO MIGLIACCI

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Justin Sullivan - 21.jan.14/Getty Images/AFP Carro da Lyft, start-up em que a GM tem participaç­ão
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