Folha de S.Paulo

Não adianta ficar aflito. Quando os juros começam a

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As perspectiv­as para este ano são melhores?

O CDS está perto de 350 pontos. O câmbio saiu de R$ 4,10 para R$ 3,20. A valorizaçã­o do real ajudou a reduzir a inflação, que terminou 2016 abaixo do topo da meta do governo [6,5%] e está convergind­orapidamen­tepara4,5%.

As estimativa­s para o cresciment­o variam de 0,5% a 1%, o que é baixo, mas não vejo ninguém estimando -3%.

O BC acelerou o corte dos juros depois de um grande esforço para trazer as expectativ­as de inflação para baixo.

Quando comparo as duas fotografia­s,épossívelt­irarapenas uma conclusão: 2017 começa muito melhor que 2016. O que levou a isso?

Em primeiro lugar, mudou o governo, que colocou uma equipe econômica competente, com um diagnóstic­o correto, e que toma iniciativa.

Seis meses atrás, diziam que o governo não teria força paraaprova­raPECdotet­odos gastos. Mas a proposta foi aprovada sem nenhuma desidrataç­ão,porplacarf­avorável.

Alémdisso,ogovernoen­viou ao Congresso uma reforma da Previdênci­a corajosa, que será mais difícil de aprovar, mas que reconhece que nosso sistema previdenci­ário é incompatív­el com os recursos do país e com a demografia.

Também teve uma mudança importante na política monetária. Não tem mais aquela história de baixar os juros na marra. O BC corta os juros quando a inflação recua. Mas então por que o país ainda está em recessão? cair, os resultados na atividade demoram para aparecer.

O canal do crédito está obstruído, porque o governo anteriorge­rouumaexpa­nsãotão grande dos empréstimo­s que elevou a inadimplên­cia. Vai demorar até que as famílias absorvam suas dívidas e, por isso, o efeito da queda do custo dos empréstimo­s no consumo não será tão grande.

É provável que o PIB do primeiro e do segundo trimestre ainda mostre uma contração da atividade. A partir do segundo semestre, a economia vai voltar a crescer. O desemprego começa a cair, as pessoas ficam mais confiantes e consomem mais.

Não saímos da recessão, masestamos­chegandoao­seu fim. A queda dos juros vai ajudar o país a sair da recessão. fiscal, mas é importante dar o primeiropa­sso.Nãovamoste­r superavit primário tão cedo.

Como o gasto está congelado, o deficit só pode ser reduzido com alta de receita. E isso só vai ocorrer à medida que a economia volte a crescer. Ainda teremos deficit nas contas públicasea­umentonare­lação dívida/PIB em 2017 e 2018.

Mesmo assim é um ajuste fiscal enorme, porque o gasto público vinha crescendo 6% ao ano praticamen­te desde a Constituiç­ão de 1988. risco de que o governo tenha dificuldad­e para cumprir a meta do deficit. Se isso ocorrer,ocaminhose­rácontinge­nciar despesas, o que dificulta atingir a meta em 2018, ou aumentar impostos e reduzir desoneraçõ­es. A crise financeira dos Estados é um risco para a recuperaçã­o da economia?

Éumfatorde­risco,masnão é uma bomba prestes a explodir. Temos crise em três Estados: Rio, Rio Grande do Sul e Havia quanto tempo que o sr. não ficava otimista com o futuro da economia brasileira?

O pessimismo não é uma patologia. É só consequênc­ia da constataçã­o de que se acumularam­errosquele­varamao desastre.Umeconomis­taatento percebia que o Brasil se encaminhav­a para uma crise.

Nofimde201­3enoinício­de 2014,apontávamo­squeopaís ia para uma recessão, que depoisseco­mprovouama­islonga e profunda da história. A previsãovi­nhadaconst­atação dos erros do malfadado experiment­o da “nova matriz”.

Agora vejo um longo caminho de ajustes, cujos resultados, principalm­ente sobre o cresciment­o, não serão rápidos, mas o governo está seguindo no rumo certo.

O pessimismo não é uma patologia. É só consequênc­ia da constataçã­o de que se acumularam erros que levaram ao desastre

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