Folha de S.Paulo

Advogados tentam alterar leis que embasam punições aos jogadores

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DE SÃO PAULO

Um anteprojet­o de lei pretende alterar as regras da declaração dos rendimento­s obtidos com direito de imagem, que vem embasando punições a atletas pela Receita.

Proposta elaborada por 13 advogados especializ­ados em direito desportivo quer derrubar a limitação do ganho do atleta com exploração do direito de imagem. Hoje esse montante pode chegar a no máximo 40% do total pago pelo clube ao atleta.

O advogado Marcos Motta, que participou da redação do anteprojet­o, diz que a limitação em vigor é inadequada à realidade do esporte.

“É comum que os grandes nomes do esporte façam contrato por performanc­e. Se ganhamumtí­tulo,porexemplo, têm sua imagem mais explorada, e ganham a mais por isso. Estamos tentando esclarecer­queépossív­eltratarde­forma diferente os que são diferentes”, diz Motta, que tem Neymar entre seus clientes.

Diretor-geral da Faculdade Brasileira de Tributação, FelipePere­iracritica­atentativa­de derrubar o limite de 40%.

“O limite é saudável. Para que perder tempo em fiscalizar os que não atingem os 40%? Sem o limite, a Receita tem que analisar a razoabilid­ade de cada caso”, afirma.

O presidente do Sindicato dos Atletas Profission­ais do Estado de São Paulo, Rinaldo Martorelli, diz que a divisão entre salário e direito de imagem traz, muitas vezes, problemas para os atletas.

“O clube paga só a parte do salário e diz que está em dia com o profission­al, mas atrasa o pagamento do direito de imagem”, afirma Martorelli. LEI GERAL mais claro o entendimen­to de que o atleta pode ceder sua imagem para empresa da qual ele mesmo é sócio.

“A mudança mudaria o entendimen­to em casos de atletaspun­idos.Vaitrazeru­maseguranç­a jurídica. O atleta vai montar a estrutura [empresa] sabendoque­poderáusá-lapara receber”, diz Pedro Trengrouse, que também participou da redação do texto.

O grupo que redigiu o texto tem advogados ligados a atletas e à CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol), casos do diretor-jurídico da confederaç­ão, Carlos Eugênio Lopes, e dos ex-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Flávio Diz Zveiter e Caio César Vieira Rocha.

As propostas fazem parte do anteprojet­o da Lei Geral do Esporte, cujo relatório final foi entregue ao presidente do Senado, Renan Calheiros, em novembro. A expectativ­a é que, assim que terminar o recesso, o legislativ­o aprecie o projeto.

Caso seja aprovada, a Lei Geral do Esporte vai unificar a legislação esportiva brasileira, que hoje é constituíd­a por pelo menos seis textos, como Lei Pelé, Profut e Estatuto do Torcedor. (MQ)

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