Folha de S.Paulo

Herói do Batatais na Copinha, goleiro superou trauma pessoal com defesas

- EDUARDO RODRIGUES

Uma oração em voz baixa e um olhar para o céu. Esse é o ritual de Gerson, 19, goleiro do Batatais na Copa São Paulo antes de encarar uma cobrança de pênalti.

Com a camisa 12, número usado pelo ex-goleiro Marcos, seu ídolo, Gerson se tornou o responsáve­l pela vitória do seu time nas três disputaspo­rpênaltise­mquefoiexi­gido na competição.

Na última, nas quartas de final, na quarta-feira (18), defendeu três cobranças, levou o Batatais a uma inédita semifinal e virou herói improvável do time na competição mais tradiciona­l do futebol de base do país.

Diante do Paulista, neste domingo (22), às 10h, em Jundiaí, o Batatais tenta a vaga na final, que será no Pacaembu, no dia 25 de janeiro.

Antes de alcançar os feitos, porém, o goleiro viveu um drama. No dia 22 de agosto de 2015, sua irmã, Emanuelle, 20, morreu em um acidente Eneacampeã­o e oito vezes vice da Copa São Paulo, o Corinthian­s enfrenta o Juventus neste domingo às 19h45 na Arena Barueri pela semifinal da competição. Quem ganhar fará a final, dia 25, contra o vencedor da partida entre Batatais e Paulista. de carro. Uma depressão tomou conta de Gerson.

“Vivíamos juntos e depois daquilo eu não queria mais jogar nem tinha vontade de viver”, afirmou à Folha.

Quatro dias depois do acidente, Gerson iria para o Sporting, de Portugal, mas preferiu ficar ao lado da família e esquecer o futebol.

Em sua cidade natal, Jardinópol­is, a 35 km de Batatais, trabalhava com a mãe em uma confecção de roupas.

No meio do ano passado, porém, ele foi convidado a fazer parte do grupo que disputaria o Paulista sub-20. Mesmo a contragost­o, aceitou.

A campanha do time foi ruim, o que lhe trouxe nova desilusão. Desta vez, estava decidido a não voltar mais.

Um telefonema no fim de novembro mudou de novo os planos. Era a diretoria do Batatais, lhe informando que seu nome havia sido inscrito na Copa São Paulo.

“Para falar a verdade, eu não estava muito afim [de jogar]”, comentou.

Gerson ligou para os seus pais, que entenderam que o melhor no momento era ele participar da competição, afinal o sonho da sua irmã era vê-lo “jogando na televisão”.

Fora de forma em seus 1,83 m, ele adiou o faculdade de medicina veterinári­a e aceitou o desafio.

Para o garoto, mais do que sua habilidade, há uma força divina, que segundo ele vem do céu. Sempre que olha para cima em seus rituais antes do pênalti, está conversand­o com “Manu”. Gerson tem a certeza de que ela está ali com ele em cada defesa.

Após o sucesso repentino, agora ele sonha maior: jogar em um time grande.

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Marcello Zambrana/Agif/Folhapress O goleiro Gerson, que virou herói do Batatais na Copinha

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