Folha de S.Paulo

Uma banda [Kid Abelha], eu era sozinha. Não tinha personalid­ade para isso.”

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Esguia, com uma roupa elegante,Marinasati­sfazacurio­sidade do público durante uma hora e meia falando em bom “carioquês”, às vezes pigarreand­o, quase sempre encerrando frases com variações de “e tal” e “entendeu?”.

Já compôs para o álbum dois funks, um samba, um rock e uma canção “meio sertaneja”, que a faz lembrar o cantor Daniel. Uma das faixas, “Novas Famílias”, começou a ser feita durante a crise hídrica e brotou de divagações suas sobre temas como amor, descoberta de água em Marte, astronomia e “Eduardo Cunha sendo superditad­or”. Demorou um ano para a letra ter um ponto final.

Mas se habituou.Efezuma carreira cheia de hits —“Fullgás”, “Uma Noite e Meia”, “Pessoa”, “À Francesa”... “Não tinha saída. Tinha que fazer show. Tentei não transforma­r isso numa coisa tão dolorosa.” Agora, tem liberdade para fazer como bem entende. Na turnê mais recente, “No Osso”, canta numa poltrona com o violão no colo, como se estivesse em casa. que quero fazer eu consigo. Mas às vezes, falando, se estou meio envergonha­da, fica um pouco para dentro.”

O palco até parou de intimidá-la, mas ir para um programa de TV semanal dar opinião sobre os mais variados assuntos é algo ainda capaz de assustar. Foi o que aconteceu com o “Saia Justa” (GNT).

Terminado o encontro no Sesc, Marina quer ir a um restaurant­e nos Jardins. Sair para jantar é um dos poucos compromiss­os que tiram a cantora de sua rotina caseira. Toda manhã, aquece a voz, toca violão, compõe e vai a pé fazer ginástica. Diz que sempre foi “mais matinê”, avessa às madrugadas e às drogas, o que rendia reclamaçõe­s de amigos como Cazuza.

A noite no restaurant­e segue leve, sem abordagens de fãs ou pedidos de selfie. Nada que faça falta: já teve época em que ela ficou “cansada de ser uma estrela pop”, aborrecida por “ter privações por causa da fama”. Felicidade é o que sente agora, “ainda mais depois que a Lídice veio morar em São Paulo”.

As duas fazem planos de ter filho, mas não sabem ao certo como vai ser. Pode ser que adotem. Mas de cachorro Marina pensa em dar um tempo —e tomou a decisão antes mesmo de, dias atrás, Pedro Jucamorrer.“Pareceumfi­lho, mas dura muito menos. E é um sofrimento louco quando está indo embora.” O poodle superou em dois anos a expectativ­a de vida para a raça.

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