Folha de S.Paulo

Tem vista para dentro”, diz ela, ao citar uma dascomposi­çõesdodisc­oque

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Ela conta que sempre pensou em viver em São Paulo, por seu mercado profission­al. “Produzir me dá força, potência.EachavaoRi­omeiofecha­do para isso, apesar de amálo.” Mudou-se após a morte da mãe, quando não tinha mais nada que a prendesse.

“Muita gente ficou puta comigo por ter ido embora. É uma coisa louca, uma competição. Mas sinto que o Rio ainda está um pouco dentro de mim.” Seu irmão e parceiro de composiçõe­s, o poeta Antonio Cicero, continua lá. “São Paulo

Para quem,comoela,acha quecomporé­sinônimode­trabalho árduo, as músicas mais difíceis são as mais prazerosas. Fazer, desfazer, refazer. “É o que mais gosto. A grande satisfação é quando digo: ‘Me superei’. Acho que é meu grande talento mesmo.”

No início,aos17anos,pensava mais em ser compositor­a do que em cantar. Encarar palco e câmeras era agoniante. “Do meu perfil, éramos só eu e a Paula Toller. Ela tinha

Diz estar satisfeita­comsua voz, que teve um pouco do brilho apagado por causa de um erro médico (ao fazer um procedimen­to por causa de umainfecçã­onagargant­a,suas cordas vocais foram atingidas). “Cantando, consegui um lugar confortáve­l, que me traduz, que é a minha voz. Tudo

“Foi péssimo. Eu sou uma pessoa que não quer brigar para aparecer, não quer falar 40 mil palavras por minuto. Espero para ter o que falar.” Diz que “foi um erro” ter entrado na atração, em 2004, apesar de ter se dado bem com as colegas. “Não é que aquilo seja ruim. Mas não era para mim. Não sei fazer nenhum papel que não seja o meu mesmo. Não quero opinar sobre qualquer assunto.”

Ela escolhe uma mesa do lado de fora, pede água, escolhe um vinho. Logo chega Lídice, que aparenta ter menos que seus 36 anos e é recebida com um selinho. Discreta, mas eloquente, a advogada carioca (que trabalha com fusões e aquisições em um escritório e fez mestrado em direito autoral) deixou há poucos meses a Gávea, no Rio, para morar com a cantora.

Lídice dá uma risadinha quando surge no papo, de novo ele, Trump. “Esse assunto é fértil!”, diz. Marina se diverte: “Ela às vezes fala: ‘Olha, mais dez minutos só de Trump e chega! Acabou!’”.

Refletindo sobre o correr da vida, Marina toma como exemplo a atriz Fernanda Montenegro, que “com classe e sabedoria” chegou aos 87 anos. “É importante você saber envelhecer com graça, saúde, bom humor, dar o seu melhor. Não ficar com raiva, achando que tudo é ruim, com saudosismo chato. Viver de passado não dá. Eu gosto da vida como ela é.”

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