Arquitetura da separação
2016, ano de muros e de quem os derruba
pecializada com a OSS, Saarinen é insubstituível”, aponta um memorando recém-revelado.
Outra bomba foi a divulgação do grau de alinhamento do norteamericano Philip Johnson (19062005) com o nazismo. A simpatia dele pelo movimento já era conhecida, mas um livro novo (de Marc Wortman) a tingiu em tons particularmente soturnos.
O arquiteto da Casa de Vidro de Connecticut conheceu Hitler pessoalmente e atuou nos bastidores para difundir a ideologia fascista em seu país, chegando a se envolver nas tratativas para a criação de um partido com esse perfil. Mais de 30 anos após o término da Segunda Guerra, o arquiteto do Terceiro Reich, Albert Speer, enviou-lhe um livro com dedicatória; na mesma época, disse que Johnson poderia tê-lo sucedido na concepção de construções nazistas. Amigos influentes, principalmente John Rockefeller, ajudaram o americano a escapar do FBI.
Para combater as trevas, os projetistasatuaismovem-seporcausas humanitárias. Nessa seara, foi desanimador o colapso da escola flutuante desenhada pelo nigeriano KunléAdeyemi,construídaem2013 com a ajuda da ONU para servir a cem alunos que vivem em Makoko, comunidadedeLagoscomcercade 300 mil moradores. A escola influenciou o governo, que pretendia destruirafavela,aadotarumplano de estruturação para a área.
De seu lado, o japonês Shigeru Ban viajou até o epicentro do terremoto que, em abril passado, deixou mais de 650 mortos no Equador. O motivo? Oferecer seu saber. Ele se envolve com vítimas de catástrofes naturais desde 1995, ano do terremoto de Kobe. De lá para cá, Ban repetiu o gesto na Turquia e na Índia.
Já o inglês Norman Foster revelou em maio o Droneport, uma estrutura modular construída com mão de obra local e tijolos para armazenar alimentos e remédios. O projeto, adaptável, foi desenvolvido originalmente para uma localidade em Ruanda. Há um imperativo moral de fornecer mais energia em escala global; por outro lado, persiste o lobby consumista, escreveu ele. “A resposta para esse paradoxo é adotar uma abordagem holística no desenho sustentável de projetos comunitários, nos quais infraestrutura e edifícios locais interajam.”
Um protótipo foi montado na Bienal de Arquitetura de Veneza, que girou justamente em torno dos desafios longe dos centros. O curador foi o chileno Alejandro Aravena, que recebeu em 2016 o Pritzker (maior prêmio da área) e é um dos mais fervorosos soldados das pranchetas sociais: fato inédito, ele disponibilizou publicamente os desenhos de habitações sociais que lhe deram fama.
Para o crítico Christopher Hawthorne, do “Los Angeles Times”, no entanto, o desejo de inclusão foi o calcanhar de Aquiles da ex-