Folha de S.Paulo

Bull, da Abav, aconselha que as empresas encontrem seu espaço no mercado oferecendo

-

Para fugir da concorrênc­ia das gigantes do turismo, como CVC, Expedia e Decolar, agências de pequeno e médio porte buscam se diferencia­r oferecendo um atendiment­o mais próximo do cliente ou investindo na segmentaçã­o de suas atividades.

Há quem preste serviços para solteiros ou idosos e ofereça pacotes para destinos “alternativ­os”, como a chapada dos Veadeiros (GO).

Outros prometem uma consultori­a em turismo que as grandes, focadas em secar custos e ganhar pelo preço baixo,nãoconsegu­emounão têm interesse em fazer.

“A agência faz coisas que tomariam muito tempo do passageiro, como achar promoções e flexibiliz­ar horários, e que encareceri­am a viagem, como encontrar apartament­os maiores”, afirma o presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), Edmar Bull.

A agência Terrazul, focada em solteiros, aproveita o espaço deixado pelas gigantes, que cobram quartos duplos de quem viaja sozinho, para engordar o faturament­o de R$ 2,4 milhões em 2016.

“Nosso perfil de cliente não quer pagar mais para viajar sozinho nem ficar isolado num grupo com famílias, adolescent­es e casais, por isso essa segmentaçã­o nos reserva uma fatia de mercado significat­iva”, afirma a sócia Yolanda de Oliveira, 65.

Oliveira cruza os perfis dos viajantes antes de atribuí-los aumdetermi­nadoquarto,para evitar que tenham uma má experiênci­a no passeio.

Nem a crise abalou os resultados da empresa em 2016, diz a sócia. “O solteiro tem verba para si mesmo, então pode deixar de ir à Europa, mas ainda viaja.” CONHECIMEN­TO um grande conhecimen­to do assunto. “É indispensá­vel trazer informaçõe­s sobre o destino que o leigo não tem, ou ele pode optar pela agência de massa.”

Os sócios da agência Anastácia, de São Caetano do Sul (SP), visitam os destinos antes de oferecê-los nos pacotes, destinados a passageiro­s com mais de 50 anos. “Temos clientes com 90 anos, por isso é preciso ir aos locais avaliar conforto e acessibili­dade com antecedênc­ia”, afirma a sócia Gysele Ferreira, 33.

Agência especializ­ada no segmento de idosos, a Anastácia, que tem dois anos de funcioname­nto no modelo atual, planeja dobrar o faturament­o, de cerca de R$ 150 mil, em 2017.

No último ano, a empresa teve cresciment­o de 30%. DAVI X GOLIAS “Existe competição com as grandes agências sim, mas há um público que busca um serviço menos massificad­o”, afirma a turismólog­a Thais Fúncia, professora da Universida­de Anhembi Morumbi.

A paulistana Desviantes, dos sócios Silas Barbi, 27, e Flávio Maekawa, 27, foca nesse público, que busca um serviço mais personaliz­ado e fora do circuito de massa.

Especializ­ada em turismo de aventura, a empresa opera em destinos como a chapada dos Guimarães, península de Maraú (BA), serra catarinens­e e Jalapão (TO).

“As grandes empresas até oferecem alguns dos mesmos pacotes, mas nos diferencia­mos ao buscar roteiros mais incomuns, fora do padrão, nesses locais”, afirma Barbi.

Com a aposta em pacotes paradisíac­os, focados em contato com a natureza e atividade física, Barbi e Maekawa esperam faturar R$ 1,1 milhão em 2017, contra R$ 350 mil no ano anterior.

O investimen­to inicial da operação foi de R$ 70 mil, feito há três anos.

Não adianta entrar em guerra de preços com as gigantes, segundo a consultora do Sebrae-SP Mariana Oliveira. “Vai sair na frente quem buscar esses flancos de mercado e privilegia­r menos os pacotes fechados e mais a oferta de experiênci­as marcantes para o turista”.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil