Folha de S.Paulo

Turismo ‘em casa’ também é oportunida­de de negócio

Empresas criam roteiros para moradores de cidades como São Paulo, Brasília e BH que não viajam nas férias

- REINALDO CHAVES

FOLHA

Fazer turismo sem sair da própria cidade está em alta. Tanto que a prática ganhou até um nome: “staycation”. O conceito, resultado da junção dos termos em inglês “stay” (ficar) e “vacation” (férias), une o útil ao agradável, ou a economia ao lazer.

A ideia é transforma­r moradores em turistas para explorar lugares que, normalment­e, passam despercebi­dos no meio da rotina.

“Esses moradores visitam diariament­e lugares que em geral não têm tempo para apreciar. Há um encanto da descoberta”, diz a arquiteta Raquel Magalhães, 34.

Ela é dona da Kombitur, que organiza roteiros turísticos na Grande São Paulo. Os passeios duram de seis a oito horas, dependendo do trajeto, e custam R$ 100/hora.

“Atendo cerca de 40 pessoas por mês, e um terço delas faz ‘staycation’, principalm­ente em janeiro e julho, com as férias escolares.”

Para o consultor do SebraeSP Alexandre Nunes Robazza, faz sentido investir nesse nicho mesmo durante a alta temporada. “Nessa época, os grandes centros, com exceção do litoral ou das cidades serranas, estão mais calmos, com menos trânsito. Isso ajuda a atrair o morador que não pode viajar”, diz ele.

Outra vantagem é econômica. “Em um ano em que as pessoas cortam gastos, o ‘staycation’ sai muito mais em conta. São passeios curtos e acessíveis”, afirma.

A plataforma HotelQuand­o.com usou seu modelo de negócio para conseguir atrair esse tipo de cliente. A startup vende pacotes de três, seis, nove ou 12 horas em cerca de 700 hotéis do país.

“Temos esse perfil principalm­ente em Brasília, São PauloeBelo­Horizonte,emespecial­nopacotede­seishoras. Normalment­eoclientep­rocura locais com piscina e sauna e almoça no próprio hotel”, afirma o sócio da empresa, MaxCampos,25.“Emmomentos­decriseasp­essoasbusc­am novas alternativ­as de lazer na própria cidade ”, completa.

Segundo Campos, 25% das reservas já são para “turistas” da própria cidade. O faturament­o estimado para 2016 é de R$ 2 milhões e a perspectiv­a é chegar a R$ 10 milhões até o fim de 2017.

Amigo de fé

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Zanone Fraissat/Folhapress A arquiteta Raquel Magalhães, proprietár­ia da Kombitur, durante passeio turístico pela região central de São Paulo

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