Cecília Leite lança em SP disco elogiado por Chico Buarque
Compositora e cantora, que era jornalista, levou demo de CD anterior a entrevista com músico FOLHA
A cantora e compositora maranhense Cecília Leite, 42, lança seu segundo CD, “Enquanto a Chuva Passa”, nesta terça (24), em São Paulo.
A artista recebeu a Folha na quarta-feira (18). “Um dia antes e no dia do espetáculo, não falo com ninguém.”
Jornalista, formada em literatura e com pós-graduação em comunicação nos EUA, Cecília é formada em bale clássico e estudou canto lírico no Brasil e no exterior.
Ela trabalhou cinco anos no Rio como repórter da TV Globo, depois de ter apresentado todos os telejornais do Maranhão e encabeçar um programa de variedades.
Aproveitando a ocasião de uma entrevista realizada com o compositor Chico Buarque, deu-lhe a demo de seu primeiro CD, lançado em 2005.
“Depois, ele me ligou dizendo que havia gostado muito e perguntou o que eu estava fazendo no jornalismo. Falou para eu ir cantar”, diz a artista, que contou com a participação do compositor em seu primeiro disco, cantando “Dis-moi Comment”, versão francesa do próprio Chico de “Eu Te Amo”, de Tom Jobim.
No segundo CD, com 12 faixas, incluiu “De Todas As Maneiras”, também de Chico. “Ele disse que gostaria de ter gravado a música da maneira que a gravei”—ela deu um toque de tango à composição.
Ainda segundo ele, é um belo disco. “Arranjos, repertório, músicos de primeira. Cecília está cantando lindamente. E desconfio que a melhor música do CD é mesmo a dela. Para mim, ‘Enquanto a Chuva Passa’ é a ‘Se É pra Dizer Adeus’, que o Tom Jobim teria feito se fosse mulher.” ARTISTA Cecília Leite QUANTO R$ 30 (independente) QUANDO ter. (24), às 21h ONDE Teatro Augusta, r. Augusta, 943, tel. (11) 3151-4141 QUANTO um livro infantojuvenil vale um ingresso na bilheteria
DE SÃO PAULO
O cantor e compositor Claudio Lyra lança em São Paulo seu segundo álbum, “Biografia Não Autorizada”, com uma temporada de quatro dias, a partir desta quarta (25). O horário dos shows, antes do cair da noite, sugere um programa “família”. E é.
Claudio vai dividir o palco com Carlos Lyra, seu tio.
Surgindo no cenário musical com o nascimento da bossa nova, Carlinhos Lyra escreveu com Tom Jobim, Roberto Menescal e outras feras um capítulo essencial na MPB. Seu maior sucesso autoral, “Minha Namorada” (com Vinicius de Moraes), estará no show, com outras famosas.
O elo entre tio e sobrinho, que pela primeira vez fazem show juntos, será exposto em “Passageiros”, canção da dupla no novo disco de Claudio.
Essa e outras faixas de “Biografia Não Autorizada”, como “Procurando a Direção” (“samba-reggae com metais e um coro à la Queen”, define Claudio) e “Esparrela do Brasil”, atestam a força do cantor e compositor como letrista inventivo. TRILHAS Musicalmente, o álbum reúne muitos gêneros, e essa variedade Claudio atribui a ter escolhido o caminho das trilhas sonoras. “Compor para imagem, em teatro ou cinema, é algo que automaticamente dá a você um perfil eclético”, conta ele à Folha.
“Cada diretor pensa sua trilha de modo diferente, então você precisa estar aberto a muitos gêneros”, diz.
Essa versatilidade já estava presente em seu primeiro álbum, “Em Paz com os Meus” (2008). No novo disco, o repertório ganha unidade, não parece mais uma coleção de canções como na estreia.
“O primeiro disco foi mais espontâneo. Os amigos que participaram das gravações introduziram coisas, as músicas foram ganhando uma cara no estúdio.”
Desta vez, produziu o álbum com o arranjador Vitor Santos, referência musical com quem estudou. A relação de professor e aluno virou parceria. “Isso rendeu um disco mais arquitetado. Passamos meses discutindo conceitualmente como deveria ser.”
O resultado tem um som mais encorpado do que o do trabalho anterior, com muitos metais e cordas dando volume às canções. Claudio gostou tanto que optou pela regravação de duas faixas do primeiro disco.
“Cinema Brasileiro 2.0” e “Em Paz com os Meus” são praticamente outras canções, empolgantes, e devem ser bons momentos no show.
Claudio sabe que o empurrão que o tio acaba dando a ele é importante, como qualquer apoio que um artista independente pode receber. QUANDO de qua. (25) a sáb. (28), às 19h15 ONDE Caixa Cultural, praça da Sé, 111, tel. (11) 3321-4400 QUANTO grátis; livre