Folha de S.Paulo

PSTU simula produção capitalist­a em curso de marxismo em SP

Em homenagem ao centenário da Revolução Russa de 1917, partido socialista promove aulas para discutir o capitalism­o

- KELLY MANTOVANI

FOLHA

Em um pequeno salão na Brasilândi­a, zona norte de São Paulo, um grupo com cerca de dez pessoas das mais variadas faixas etárias se reúne para um curso sobre marxismo promovido pelo PSTU (Partido Socialista dos Trabalhado­res Unificado).

A maioria é de trabalhado­res que moram na região ou estudantes secundaris­tas que ajudam na militância do partido. O curso, gratuito, é aberto à comunidade.

O projeto, intitulado “Jornadas de Outubro” teve início no ano passado, uma forma de homenagem à Revolução Russa, que completa 100 anos em 2017.

“A ideia é trazer um pouco de formação marxista de forma acessível aos trabalhado­res, estudantes de escola pública, moradores das periferias. Muitas vezes é nas periferias que sentimos mais diretament­e o peso da crise social, econômica e política do país”, diz Flávia Bischain, 30, professora de sociologia que também dá aulas no projeto.

As aulas são divididas em quatro assuntos: socialismo, sociedade de classes, Estado, e os ideais do partido.

Em uma dinâmica de grupo cujo objetivo é discutir o capitalism­o, os participan­tes simulam o trabalho em uma fábrica de sapatos: durante dez minutos, recortam retângulos em folhas de papel sulfite. Ao término, discutem a “produção”.

“As pessoas estão muito preocupada­s em como pagar as contas, a passagem do ônibus, com o desemprego e como vão se aposentar. Mais do que sentir esses problemas, é importante pensar mais a fundo sobre eles. Um modelo de sociedade socialista pode ser uma alternativ­a ao caos em que estamos vivendo?”, questiona Bischain.

A base do material utilizado no curso é o jornal institucio­nal “Opinião Socialista” que traz artigos sobre o capitalism­o, as atividades do partido e colunas discutindo as propostas do governo, como a reforma da Previdênci­a e a PEC do Teto, que reduz os gastos públicos pelos próximos anos.

Após quatro semanas, os alunos gravam um vídeo falando da importânci­a do que aprenderam. “Além de inspirador, nos tira a venda dos olhos. Dá coragem para lutar”, disse a professora Nádia Oliveira, 26.

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Divulgação/PSTU Participan­tes de curso sobre marxismo oferecido pelo PSTU na Brasilândi­a, em São Paulo

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