Por quem os sinos dobram
A memória do Holocausto ajuda o mundo a combater suas injustiças, ao mostrar claramente os perigos do extremismo e da indiferença
Há cada vez mais motivos para lembrarmo-nos do Holocausto. O extermínio de 6 milhões de judeus pelos nazistas e seus cúmplices, no coração da Europa do século 20, por si só, seria razão suficiente para jamais esquecermos capítulo tão tenebroso da humanidade.
Mas a necessidade imperiosa de lembrar torna-se urgente e ainda mais dramática ao testemunharmos as atrocidades cometidas desde então, inspiradas na propagação do ódio e na supressão de direitos.
Por isso, não devemos esquecer. Porque a propagação do ódio, no limite (ou na falta de limites), leva a uma violência absoluta que gostaríamos de classificar como desumana, mas que, infelizmente, é demasiada humana.
O Holocausto, é preciso dizer, tem características específicas que o tornam único em meio à sucessão de injustiças, perseguições e massacres ao longo da história.
Em 2005, com o apoio do Brasil, a ONU adotou o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. A resolução pede aos países que elaborem programas de educação sobre o Holocausto. Ela “condena, sem reservas, todas as manifestações de intolerância religiosa, ódio e perseguição por causas étnicas ou religiosas e rejeita qualquer negação do Holocausto”.
O 27 de janeiro foi escolhido para marcar a data por ser o dia da libertação do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, por tropas soviéticas em 1945.
Como disse Elie Wiesel, o grande ativista da memória, sobrevivente dos campos de extermínio nazistas e Prêmio Nobel da Paz, morto em 2016: “Pela primeira vez, um povo inteiro foi condenado à aniquilação. Para extirpá-lo, para extraí-lo da história, para matá-lo na memória, matando toda a sua memória. Declarado ser menos que um homem, e por isso sem merecer compaixão ou pena, o judeu nascera apenas para morrer.”
São palavras ainda atuais num mundo que se desenvolveu em vários sentidos, mas não se tornou mais seguro.
Na Síria, uma guerra sem limites expõe diariamente massacres de civis sem que o mundo aja de forma decisiva para contê-los. Mais de 500 mil já morreram e milhões foram exilados ou continuam a viver sob medo da perseguição e da morte.
A memória do Holocausto ajuda o mundo a combater suas injustiças, ao mostrar claramente os perigos do extremismo e da indiferença.
Por isso, é preciso lembrar. E, apesar de toda a documentação e da memória dolorida, mas inquebrantável das testemunhas e seus descendentes, há quem se empenhe em negar o extermínio perpetrado e documentado pelos próprios nazistas.
O negacionismo é mais uma prova cabal de que o antissemitismo segue vivo e ativo, usando agora os meios mais modernos de propagação do ódio e da intolerância.
Extremistas de todos os matizes —ideológicos e religiosos— não perdem oportunidade de atacar judeus onde quer que estejam. Na Europa, no Oriente Médio, nos EUA, em uni- versidades e na internet, são crescentes os ataques antissemitas e o uso de padrões duplos quando se trata de Israel.
O Brasil, infelizmente, não está imune à chaga. Antes da Olimpíada, aspirantes a terroristas tinham instituições judaicas como alvo. Em São Paulo, nas últimas semanas, neonazistas espalharam cartazes antissemitas e divulgaram vídeos com ameaças à comunidade judaica. As autoridades reagiram prontamente, como deve ser nesses casos.
Neste 27 de janeiro, cerimônias em várias cidades do Brasil e do mundo homenageiam as vítimas do Holocausto. Não é uma data apenas judaica, mas universal. Em tempo de ressurgência de nacionalismos e extremismos, não pergunte por quem os sinos dobram, eles dobram por ti. FERNANDO KASINSKI LOTTENBERG
Há tanto controle e filas em aeroportos para saber quem está entrando e saindo do país, mas ninguém teve o bom senso de abrir a tela do computador antes de deflagrar a operação e ver que o principal alvo tinha viajado. Muito bom, viva a inteligência!
CASSIO NOGUEIRA
Gilmar Mendes A respeito de especulações sobre uma possível nomeação do ministro Gilmar Mendes para a relatoria da Lava Jato no STF em substituição ao ministro Teori Zavascki, é oportuno lembrar que ele gosta de pedir vistas de processos como forma de brecar o andamento. Lembro-me de um caso em que ele pediu vistas de um processo que ficou retido por mais de um ano. Não acho que um ministro com esse perfil tenha condições de tocar a Lava Jato no Supremo (“Mendes afirma que julgaria Lava Jato com naturalidade”, “Poder”, 26/1).
REGINA CUTIN
Definir o ministro Gilmar Mendes para prosseguir com os processos da Lava Jato após ele passar horas reunido com o presidente Michel Temer (PMDB), citado em delações, equivaleria a fazer um castelo de areia à beira-mar. Seria mais ou menos como chamar o Maradona pra apitar uma final de Copa do Mundo entre Brasil e Argentina.
PAULO ALVES FERREIRA
Pichações O Brasil não precisa reinventar a roda. Procurem saber o que outros países fazem com os pichadores. Torço para que a Câmara Municipal de São Paulo aprove uma lei bem rígida a respeito. Cabe a cada um de nós ligar para a polícia quando vir algum gaiato desses sujando a propriedade alheia. É pura falta do que fazer (“Doria é alvo de protestos e sobre o tom contra pichação”, “Cotidiano”, 26/1).
JAIME PEREIRA DA SILVA
Gostem ou não do novo presidente dos EUA, ele está mudando as peças do tabuleiro do xadrez global numa velocidade nunca vista. Quem poderia imaginar que o país viraria as costas para a América e se aproximaria da Rússia? Essas mudanças todas representam enormes oportunidades para os outros países, que vão buscar se reposicionar no cenário global. O Japão pode se aproximar, quem diria, da China, que será convidada a entrar na Parceria Transpacífico no lugar que Trump deixou vazio. O Brasil poderia aproveitar as enormes oportunidades e convidar o México para integrar o Mercosul, por exemplo.
MÁRIO BARILÁ FILHO
Não sei se isso é bom ou ruim para a democracia, mas algo me diz que Donald Trump vai seguir o mesmo caminho de Richard Nixon e Jânio Quadros —a renúncia— muito antes do que poderíamos imaginar.
HELMIR ZIGOTO
A excêntrica personalidade de Trump em seus primeiros movimentos tem assustado o mundo. Autorização para construção de um muro na fronteira com o México, revogação de acordo comercial com países do Pacífico, leis rígidas para imigrantes, proposta de não cumprimento de acordo planetário sobre o clima e planos diferentes dos da União Europeia sobre a Otan são alguns dos fatores que deixam a comunidade internacional perplexa. O surgimento da evasiva americana na política, na economia e nas relações internacionais pode significar que começamos a derrocada de fundamentos do capitalismo e da globalização.
DAVI LOPES DOS SANTOS
Conselho penitenciário