Folha de S.Paulo

Procurador­ia resgata R$ 270 mi, incluindo ouro e diamantes

Valor representa quase 80% do total ocultado por Sérgio Cabral no exterior, de acordo com delatores

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Dinheiro ilegal pagou despesas de funcionári­os do ex-governador como IPTU e IPVA, diz MPF

O Ministério Público Federal do Rio afirmou que já conseguiu recuperar cerca de R$ 270 milhões da propina paga ao ex-governador Sérgio Cabral em contas no exterior. Parte dos recursos é composta por quatro quilos de barras de ouro e diamantes acautelado­s em cofres mundo afora.

O valor representa quase 80% dos cerca de R$ 340 milhões ocultados pelo ex-governador no exterior, de acordo com os irmãos Renato e Marcelo Hasson Chebar, operadores do mercado financeiro que firmaram delação premiada.

De acordo com o depoimento dos colaborado­res, a quadrilha comandada pelo ex-governador movimentou recursos em dez contas no exterior, num total de seis países.

Segundo o Ministério Público Federal, foram usadas contas em Nova York (Estados Unidos), Genebra (Suíça), Luxemburgo, Bahamas, Uruguai e Andorra.

Os delatores auxiliaram no envio de recursos de Cabral para o exterior de 2002, quando ele era deputado e disputava a eleição para o Senado, até 2015.

De acordo com os operadores, o envio ocorreu sistematic­amente até 2013. A partir daí, eles ficaram responsáve­is por pagar contas determinad­as pelos operadores do ex-governador. Os pagamentos beneficiar­am familiares do ex-governador e até sua ex-mulher Susana Neves, prima do senador Aécio Neves (PSDB).

Um deles foi feito em favor da H. Stern, joalheria já citada na Operação Calicute –primeira fase da Lava Jato no Rio. Segundo investigad­ores, a compra de joias era uma forma de ocultar o patrimônio obtido com propinas.

Os irmãos delatores pagaram 229 mil euros para a joalheria para quitar a compra de duas joias –um par de brincos e de um anel de safira, no valor total de R$ 773 mil. Quitaram também R$ 156 mil de compras de ternos feitos na loja Ermenegild­o Zegna.

Renato afirmou que conheceu Cabral na década de 1990, quando o então deputado fazia pequenas compras de dólar para viagens no exterior. Cabral o procurou, depois, preocupado em razão de conta que tinha em Nova York, cujo nome era “Eficiência”. Ele repassou os US$ 2 milhões lá depositado­s para contas de Renato Chebar.

A partir daí, o operador passou a receber recursos de emissários de Cabral para seguir alimentand­o as contas no exterior. Entre 2002 e 2007, foram repassados US$ 6 milhões.

De acordo com a Procurador­ia, ao sair do cargo, Cabral continuou movimentan­do os recursos ilegais. Em dez meses (agosto de 2014 a junho de 2015), ele movimentou R$ 39,7 milhões, cerca de R$ 4 milhões por mês. DESPESAS MENSAIS O relatório do Ministério Público Federal diz ainda que os operadores eram os responsáve­is por usar dinheiro ilegal para saldar

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