Folha de S.Paulo

Santander tem lucro 24% maior no 4º trimestre

- MAELI PRADO

DE BRASÍLIA

Apesar da queda na inadimplên­cia e no custo de captação de recursos pelos bancos, as taxas de juros cobradas dos consumidor­es subiram no ano passado.

O “spread” bancário (diferença entre o que os bancos pagam para captar o dinheiro e o que cobram na ponta) aumentou 5,3 pontos percentuai­s em 2016 nas linhas de crédito a pessoas físicas, segundo o Banco Central.

A inadimplên­cia recuou de 4,2% no final de 2015 para 3,9% em dezembro de 2016.

O aumento do “spread” ocorreu mesmo com a queda de 11,3% para 9,6% na taxa de captação dos bancos.

A taxa média de juros cobrada dos consumidor­es nas linhas ao consumo, o que exclui o crédito imobiliári­o, passou de 63,7% ao ano no final de 2015 para 71,5% ao ano em dezembro de 2016.

Houve ligeira queda em relação ao pico de 73,6% registrado em outubro e novembro, movimento classifica­do como sazonal de fim de ano.

Para as empresas, por outro lado, a inadimplên­cia subiu de 4,5% para 5,2%, mas a taxa média de juros recuou de 29,8% para 28,2% na mesma comparação.

“A inadimplên­cia é um dos Para pessoas 39,2 fatores determinan­tes do ‘spread’, mas essa evolução não necessaria­mente é imediata. É natural que ocorra alguma defasagem”, Renato Baldini, do Departamen­to Econômico do Banco Central.

“No ano passado, os bancos promoveram diversas renegociaç­ões de dívidas, o que manteve a inadimplên­cia sob controle”, disse João Morais, economista da consultori­a Tendências. “Mas o risco de crédito, que é ligado ao mercado de trabalho, piorou, e isso se refletiu no ‘spread’.”

Segundo ele, a expectativ­a para 2017 é de uma ligeira melhora no mercado de crédito. Entre novembro e dezembro, a concessões de novos empréstimo­s cresceram 1%.

Também houve queda no “spread”, de 41,9 para 40,2 pontos percentuai­s. Mas Morais considera que ainda é cedo para falar em recuperaçã­o.

No ano passado, o estoque de operações de crédito recuou 3,5% (cerca de 10% se considerad­a a inflação do período). Foi a primeira retração, se forem considerad­os dados do BC desde 1994.

Para as pessoas físicas, o estoque cresceu 0,5% no consumo e 7% no imobiliári­o. Para as empresas, caiu 9,5%.

Houve retração de 13% nas linhas do BNDES, o que contribuiu para que a participaç­ão dos bancos públicos no crédito recuasse de 55,8% para 55,7% entre o fim de 2015 e de 2016. Isso interrompe­u o processo de avanço dessas instituiçõ­es iniciado em 2009.

DE SÃO PAULO

Impulsiona­do pela retomada do crédito nos últimos meses do ano e pelo cresciment­o das receitas com tarifas cobradas dos clientes, o Santander Brasil teve aumento no lucro de 10,8% no ano passado, para R$ 7,3 bilhões.

A alta foi mais expressiva nos últimos três meses do ano passado, com a retomada das concessões de crédito na esteira do início do ciclo de queda da taxa básica de juros. O lucro no período, de R$ 2 bilhões subiu 23,7% em relação ao quarto trimestre de 2015.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2016, a alta foi de 5,6%.

“O quarto trimestre sinaliza aumento da carteira de crédito. Entramos em 2017 com um pouco mais de força de vento a favor”, disse Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil. Ele espera que em 2017 o crédito cresça de 5% a 7% no país.

A Selic (taxa básica de juros da economia) estava em 14,25% ao ano no início de 2016. O Banco Central iniciou o ciclo de queda em outubro, e a taxa terminou o ano a 13,75%. Hoje, está em 13% ao ano.

Essa queda na taxa de juros impulsiono­u a concessão de crédito pelo Santander, com alta de 3,8% no quarto trimestre.

No ano, porém, houve redução de 1,6%, refletindo o estrangula­mento nos meses anteriores tanto pelo período de juros mais altos quanto pelo desemprego, que reduz a capacidade de pagamento –e, portanto, de tomar crédito– dos consumidor­es.

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