Folha de S.Paulo

Após sofrer críticas, Doria anuncia que pagará cachê e tinta a grafiteiro­s

- ARTUR RODRIGUES

DESÃOPAULO

Depois de receber críticas de artistas urbanos por apagar obras nos muros da cidade, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), lançou nesta quinta (26) um projeto que prevê remunerar grafiteiro­s e pagar suas tintas, como parte de um museu a céu aberto espalhado pela cidade.

O programa, batizado como MAR (Museu de Arte de Rua), começará pela região do Baixo Augusta (centro da capital), e será reeditado a cada três meses em um bairro diferente da cidade.

“Como serão várias áreas, creio que teremos oportunida­de de abrigar vários desses artistas, de maneira escalonada”, disse Doria.

A gestão Haddad (PT) já havia pago cachê de R$ 2.000 a cada um dos 450 grafiteiro­s que pintaram murais na avenida 23 de maio. A gestão Doria mandou apagar quase todos esses murais na última semana, afirmado que as obras haviam sido pichadas.

Alvo de críticas por pintar as paredes de cinza, a administra­ção tucana resolveu antecipar seu programa de incentivo à arte de rua.

“A gente já tinha isso em dezembro e iria anunciar em março, mas com o grafite tendo se tornado assunto tão importante, a gente resolveu antecipar para mostrar que o grafite é fundamenta­l nessa gestão”, declarou o secretário da Cultura, André Sturm.

Prevista para março, a pri- meira edição deve ter cerca de 150 artistas, com gastos estimados em R$ 800 mil.

Sturm afirmou que será criada uma comissão para escolher os artistas. Eles terão de enviar currículos e informaçõe­s sobre sua arte, mas não serão obrigados a dizer que pintura farão nos murais.

As obras ficarão tanto em imóveis públicos quanto privados —nesse último caso, só se os donos concordare­m.

A prefeitura estuda que os grafites fiquem nos locais por dois anos, para que depois possam ser substituíd­os por novas pinturas. DISPUTA O novo projeto de Doria foi anunciado na 23 de maio, em frente a uma obra recém-restaurada da artista plástica Tomie Ohtake em homenagem à imigração japonesa.

A avenida virou cenário de disputa entre o tucano e grafiteiro­s e pichadores, desde que a prefeitura apagou a maioria dos grafites nos muros da via com tinta cinza.

Numa resposta à ação, um dos murais poupados, do artista Eduardo Kobra, foi pichado com uma imagem de Doria pintando o muro.

O tucano lamentou a ação e disse que o mural será apagado, com consentime­nto de Kobra. Segundo Doria, não haverá novos grafites local, para onde está previsto outro projeto que não quis divulgar.

Curador de parte das imagens apagadas, o grafiteiro Enivo classifico­u a ação como “um massacre”. Ele afirma achar positivo haver um projeto do tipo, mas diz que continuará havendo grafite também em locais não permitidos.

“A essência do grafite é a liberdade. Eu gosto de fazer trabalhos, ganhar cachê, porém a minha essência de grafiteiro é pintar onde eu quiser.” Após o aumento dos limites de velocidade, a CET, na gestão Doria (PSDB), apagou do site dados divulgados pela gestão Haddad (PT). A companhia diz que “as informaçõe­s objetivas continuam disponívei­s”.

folha.com/no1853421

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Jorge Araujo/Folhapress O prefeito João Doria (PSDB) e o vice, Bruno Covas (à esq.), durante evento de entrega do monumento de Tomie Ohtake

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