Folha de S.Paulo

Liberação da maconha não reduz o poder das facções

- ROGÉRIO GENTILE

A eventual descrimina­lização da comerciali­zação da maconha não reduzirá, ao contrário do que dizem defensores da medida, a violência e o poder das organizaçõ­es criminosas.

Ou será que alguém realmente imagina que os chefões do PCC (Primeiro Comando da Capital) vão pagar imposto?

O mercado do tabaco serve de paralelo para a questão. Cerca de 36% do cigarro vendido no Brasil atualmente é ilegal, a maior parte provenient­e de contraband­o do Paraguai. Em alguns lugares, como o Paraná, chega a 50% do comerciali­zado.

Segundo cálculos do Idesf (Instituto de Desenvolvi­mento Econômico e Social de Fronteira), o país deixa de arrecadar cerca de R$ 5 bilhões por ano em tributos.

Assim como a droga, o cigarro ilegal entra no país por meio do crime organizado. “São quadrilhas violentas”, afirma Paulo Kawashita, chefe da equipe da repressão aduaneira da Receita Federal em Foz do Iguaçu.

janeiro do ano passado, uma equipe da Receita em Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, foi atacada por disparos de armas de fogo, inclusive de fuzis, após terem apreendido uma carga de 1.250 caixas de cigarros.

“Já há indícios de que traficante­s e contraband­istas estão trabalhand­o em conjunto”, diz Luciano Barros, presidente do Idesf.

As quadrilhas se utilizam de carros roubados, preparados cuidadosam­ente para disfarçar a mercadoria. Possuem olheiros e batedores, que vão à frente da carga para

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