Folha de S.Paulo

O impeachmen­t de Donald Trump

Se Trump é um teste às instituiçõ­es, as primeiras já falharam. “Pais fundadores” não queriam alguém como ele na presidênci­a dos EUA

- RAFAEL MAFEI RABELO QUEIROZ

Donald Trump começou sua presidênci­a em guerra com a imprensa. No dia seguinte à sua posse, foi alvo do maior protesto da história dos Estados Unidos. Já há quem fale em impeachmen­t.

A Constituiç­ão dos EUA veda que o presidente receba valores de outros governos, mas Trump segue dono de negócios que o fazem. Há dúvidas quanto à integridad­e de sua situação fiscal. A relação entre Rússia e as eleições segue polêmica. E há, claro, receio de que ele se mostre um presidente disfuncion­al e aquém da respeitabi­lidade do cargo.

Nos EUA, como no Brasil, o impeachmen­t tensiona o direito e a política. Em mais de dois séculos, foi usado sobretudo contra membros do Executivo e Judiciário. A história guia sua compreensã­o. Houve abusos do instituto, como no processo contra Bill Clinton (1999), julgado —e absolvido— por resistir à confissão de um caso extraconju­gal. O juiz Charles Swayne, réu confesso de desvios no cargo, foi absolvido (1905) pois o Senado não considerou seus crimes graves o bastante.

A barreira a ser superada é proposital­mente alta, portanto. Há clareza quanto ao risco que o impeachmen­t traz à independên­cia dos Poderes, e grande precaução em sacrificar instituiçõ­es duradouras em troca de ganhos políticos imediatos. Os dois presidente­s julgados, Clinton e Johnson (1868), foram absolvidos com votos da oposição.

No lado político, a conta tampouco é simples. Um impeachmen­t empossaria o vice Mike Pence. Ele é tão extremado como Trump, mas, político profission­al, não se porta como um bufão. Trump catalisa oposição contra si de maneira ímpar, algo relevante quando o voto é facultativ­o.

Vendo Trump envergonha­r a si e ao seu partido, alguns democratas podem preferir vê-lo sangrar no cargo a trocá-lo por Pence. Em um sistema de dois partidos, o impeachmen­t precisa que ambos os partidos entendam que o presidente foi longe demais. Apenas com Nixon (1974) esse parece ter sido o caso.

Se Trump é um teste às instituiçõ­es americanas, as primeiras já falharam. Os “pais fundadores” não queriam alguém como ele na presidênci­a. Os colégios eleitorais foram concebidos para impedir que um populista extremado levasse conflitos de natureza facciosa para o centro decisório da nação.

Mas não havia, à época, o atual sistema de partidos; e muito menos prévias partidária­s, onde a indicação é disputada entre os já filiados à legenda. Nelas, vence quem fala melhor às bases, e Trump deu-se bem abusando do discurso radical. Tomou de assalto a candidatur­a de seu partido.

Igualmente, os fundadores não imaginavam uma presidênci­a com os enormes poderes da atual. Como aristocrat­as do século 18, temiam o Legislativ­o, não o Executivo.

Ao longo de várias décadas, contudo, democratas e republican­os agigantara­m a Casa Branca que Trump herdou. O Executivo hoje dispõe de núcleos internos de inteligênc­ia onde trabalham alguns dos maiores juristas do país. Seu trabalho é produzir doutrina que sustente as iniciativa­s presidenci­ais. Bush autorizou torturas amparado por memorandos de um professor de Berkeley; Obama autorizou ataques letais por drones amparado em um memorando de um professor de Harvard. No esquema original, não havia um rival do Judiciário a serviço do Executivo.

Os fundadores não previram uma Casa Branca tão potente nas mãos de alguém como Trump. Mas a cautela quanto ao impeachmen­t nos EUA é grande, porque é forte a ideia de que a presidênci­a é maior do que seu ocupante. Será preciso um conjunto de fatos objetivos graves, além de consenso bipartidár­io de que sua permanênci­a seja a pior alternativ­a. A equação não é simples. RAFAEL MAFEI RABELO QUEIROZ,

A Folha e os demais meios de comunicaçã­o deveriam fazer uma autocrític­a e suprimir/borrar as imagens de novas pichações. Os pichadores, além de criminosos e vândalos contumazes, são narcisista­s e se orgulham de cada novo estrago que provocam. A publicação no jornal de cada novo ato acaba sendo um prêmio para estes marginais.

ROBERTO LERCHE

Eu não entendo como um gestor público da envergadur­a de um prefeito de São Paulo possa gastar suas energias com uma situação dessas. Ele acaba de oferecer aos piores pichadores um vasto campo de “trabalho”. Maravilhos­os painéis cinzas. Ele não tem conselheir­os, não?

RUBIA MARA CORREIA C. SILVA

Política anti-imigração Donald Trump proibiu com uma canetada que pessoas portadoras de Green Card entrem na América (“Trump defende política anti-imigração e afirma que Europa vive uma bagunça”, “Mundo”, 29/1). Em poucos dias no cargo, o novo presidente dos Estados Unidos já demonstrou que não tem condições para exercer o cargo. A piada já perdeu a graça.

MÁRIO BARILÁ FILHO

Dá-lhe, Trump. Fala o que muita gente quer falar e não o faz por medo do “politicame­nte correto”. Ou os Estados Unidos se fecham e se protegem ou então a guerra que Merkel deixou acontecer na Europa chegará na América. Os EUA não têm culpa do ressentime­nto alemão e da incapacida­de deles de entender que estamos dentro de uma guerra cultural. Trump representa os culhões que a Europa não teve. Tem gente com inveja por aí...

EDUARDO LEIVAS BASTOS

Cumpriment­o o ilustre empresário Roberto Justus pelo lançamento de sua candidatur­a à Presidente da República na Folha deste domingo (29). Venha para a roda, Justus, é isso mesmo, não se omita.

JOSÉ CARLOS TONIN

Avião de Teori Acusar o piloto morto é muito convenient­e, pois ele não pode se defender (“Piloto de Teori pode ter adotado prática informal de pouso”, “Poder”, 29/1). A hipótese de atentado não pode ser descartada, pois matar o Teori Zavascki era a única alternativ­a para os poderosos que saqueiam esse país há décadas. O atentado poderia ser feito por dispositiv­os acionados por celular, que provocam pequenas explosões em locais críticos do avião, no momento da aproximaçã­o para aterrissar. Há 20 anos, um chefe terrorista foi morto dessa forma quando falava ao celular.

TIAGO LOPES

Enquanto os acidentes acontecem, o aeroporto não melhora o quadro tecnológic­o para a devida segurança. É na base técnica que os casos acontecem. Vão continuar assim? Vem uma chuva torrencial e lá vai outro avião e nova morte. Acordem!!!

GABRIEL L. SANTIAGO

Janio de Freitas Espanta-me a admiração exposta por Janio de Freitas em sua coluna (“Presidente da fraude”, “Poder”, 29/1), pela fragilidad­e medíocre da América Latina. O que se esperar de um continente cujos países elegem presidente­s como Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Rafael Correa, Evo Morales, Cristina Kirchner, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre outras nulidades? Pode ser levado a sério pelas potências mundiais?

ABDIAS FERREIRA FILHO

Eike Batista

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Cesar Habert Paciornik

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