Dar exemplo sem descanso
Convido sindicatos a empunharem a bandeira cidadã do fim do ponto facultativo no Dia do Servidor e da licença-prêmio
Diante de fatos, não há argumentos. Amargamos uma das piores crises da história do país, e, independentemente dos motivos que nos trouxeram a este ponto, a sociedade terá de olhar à frente se quiser superá-la. Para tanto, precisaremos fazer mais com menos.
Como servidor público, reconheço que há muito que se reformar para tornar o sistema não só equilibrado fiscalmente, mas também defensável eticamente. Porém, vou aqui me restringir a duas singelas propostas, não porque sejam contabilmente impactantes, mas porque tocam em pontos tão óbvios que deveriam nos unir na busca pela sensatez perdida.
A primeira proposta trata da eliminação do ponto facultativo no Dia do Servidor Público, o qual, na prática, concede aos servidores um feriado a mais em relação aos demais trabalhadores.
Obviamente, a correção desse equívoco não nos tiraria do buraco, mas seria o primeiro precedente de que tenho notícia em que uma classe reconheceria e corrigiria um privilégio indevido cuja origem não é outra senão o populismo predatório que concede vantagens aos que têm mais força política em detrimento dos demais.
Vencido esse primeiro passo, precisaríamos empunhar a bandeira da erradicação da licença-prêmio, a qual concede aos servidores públicos, com direito a esse benefício, três meses extras de férias a cada cinco anos trabalhados. Três meses em cinco anos correspondem a 5%.
É essa a parcela da folha de pagamento do funcionalismo público do Estado de São Paulo que não retorna em serviços à população, que paga nossos salários via impostos.
Entre os poucos consensos partilhados pela opinião pública está o fato de que pagamos muitos tributos em relação aos serviços que recebemos. Compete então também a nós, funcionários públicos estaduais paulistas, melhorarmos essa relação, abrindo mão de férias que outros trabalhadores não têm.
Convido, assim, os sindicatos dos funcionários públicos a empunharem a bandeira cidadã do fim do ponto facultativo no Dia do Servidor e da erradicação da licença-prêmio, em nome da busca por uma sociedade mais justa. Ou, então, a virem a público explicar por que nos- sa categoria merece mais descanso que os demais trabalhadores.
Se a sociedade já não tolera mais tanta falta de ética, privilégios indevidos e outros desmandos das ditas elites, faz-se necessário que ela própria comece reformando a si própria. Nada mais natural do que iniciar o processo por meio de quem tem a nobre tarefa de servir à sociedade.
Obviamente, o convite acima será visto como utópico e irreal por muitos; afinal, não me lembro de nenhuma categoria abrindo mão espontaneamente de privilégios —por mais indefensáveis que tais benesses pudessem ser.
Entretanto, dado que as soluções do passado inspiradas no “cada um por si e Deus por todos” só conseguiram tornar a sociedade mais injusta —visto que o “cada um por si” só dá vantagem aos mais fortes, e o “Deus por todos” não parece estar funcionando—, talvez seja a hora de testar outras fórmulas.
Todos desejam paz; todos clamam por justiça; todos pedem um país de que possamos nos orgulhar; a nação pede mudanças, mas a nação somos nós, e, portanto, não nos enganemos: não haverá mudança se nós não mudarmos. GEORGE MATSAS,
Na verdade, é o mundo que vive uma bagunça horrorosa que tende a virar desordem geral quando se evidenciar a falta de sinceridade dos líderes —e as esperanças se desvanecerem.
BENEDICTO DUTRA
Vaga no Supremo Se, conforme afirma o artigo (“Cotados para STF têm perfil pró-mercado”, “Poder”, 29/1), os prováveis candidatos à vaga aberta com a morte de Teori costumam “ter decisões que beneficiam instituições financeiras”, não seria muito conveniente têlos ocupando um cargo na mais alta corte deste país. Tudo o que não precisamos é de mais benefícios às instituições financeiras. Parece a história do Titanic, o navio afunda, mas a banda continua a tocar esquizofrenicamente como se nada estivesse ocorrendo. Menos Estado para quem? Os outros, né?
ROSÂNGELA BARBOSA GOMES
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A pergunta que não quer calar é: como o senhor Eike soube que sua prisão era iminente dois dias antes de sua viagem para o exterior? Será que havia alguém da Polícia Federal ou de outro órgão ligado à Justiça associado ao empresário? A corrupção está deteriorando muitas cidades e Estados do Brasil. É muito triste aceitar uma realidade que atinge os próprios filhos e descendentes dos corruptos. As suas famílias vivem aqui! Será que eles não percebem que estão destruindo a si e a suas famílias?
MÁRIO NEGRÃO BORGONOVI
De herói a vilão! Nunca. Era sempre vilão, era sempre o “coringa”. Percebia-se prepotência, vilania e ostentação em seus atos e nos dos que o cercavam. Nada é de graça em nossa sociedade.
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