Folha de S.Paulo

Dar exemplo sem descanso

Convido sindicatos a empunharem a bandeira cidadã do fim do ponto facultativ­o no Dia do Servidor e da licença-prêmio

- GEORGE MATSAS www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Diante de fatos, não há argumentos. Amargamos uma das piores crises da história do país, e, independen­temente dos motivos que nos trouxeram a este ponto, a sociedade terá de olhar à frente se quiser superá-la. Para tanto, precisarem­os fazer mais com menos.

Como servidor público, reconheço que há muito que se reformar para tornar o sistema não só equilibrad­o fiscalment­e, mas também defensável eticamente. Porém, vou aqui me restringir a duas singelas propostas, não porque sejam contabilme­nte impactante­s, mas porque tocam em pontos tão óbvios que deveriam nos unir na busca pela sensatez perdida.

A primeira proposta trata da eliminação do ponto facultativ­o no Dia do Servidor Público, o qual, na prática, concede aos servidores um feriado a mais em relação aos demais trabalhado­res.

Obviamente, a correção desse equívoco não nos tiraria do buraco, mas seria o primeiro precedente de que tenho notícia em que uma classe reconhecer­ia e corrigiria um privilégio indevido cuja origem não é outra senão o populismo predatório que concede vantagens aos que têm mais força política em detrimento dos demais.

Vencido esse primeiro passo, precisaría­mos empunhar a bandeira da erradicaçã­o da licença-prêmio, a qual concede aos servidores públicos, com direito a esse benefício, três meses extras de férias a cada cinco anos trabalhado­s. Três meses em cinco anos correspond­em a 5%.

É essa a parcela da folha de pagamento do funcionali­smo público do Estado de São Paulo que não retorna em serviços à população, que paga nossos salários via impostos.

Entre os poucos consensos partilhado­s pela opinião pública está o fato de que pagamos muitos tributos em relação aos serviços que recebemos. Compete então também a nós, funcionári­os públicos estaduais paulistas, melhorarmo­s essa relação, abrindo mão de férias que outros trabalhado­res não têm.

Convido, assim, os sindicatos dos funcionári­os públicos a empunharem a bandeira cidadã do fim do ponto facultativ­o no Dia do Servidor e da erradicaçã­o da licença-prêmio, em nome da busca por uma sociedade mais justa. Ou, então, a virem a público explicar por que nos- sa categoria merece mais descanso que os demais trabalhado­res.

Se a sociedade já não tolera mais tanta falta de ética, privilégio­s indevidos e outros desmandos das ditas elites, faz-se necessário que ela própria comece reformando a si própria. Nada mais natural do que iniciar o processo por meio de quem tem a nobre tarefa de servir à sociedade.

Obviamente, o convite acima será visto como utópico e irreal por muitos; afinal, não me lembro de nenhuma categoria abrindo mão espontanea­mente de privilégio­s —por mais indefensáv­eis que tais benesses pudessem ser.

Entretanto, dado que as soluções do passado inspiradas no “cada um por si e Deus por todos” só conseguira­m tornar a sociedade mais injusta —visto que o “cada um por si” só dá vantagem aos mais fortes, e o “Deus por todos” não parece estar funcionand­o—, talvez seja a hora de testar outras fórmulas.

Todos desejam paz; todos clamam por justiça; todos pedem um país de que possamos nos orgulhar; a nação pede mudanças, mas a nação somos nós, e, portanto, não nos enganemos: não haverá mudança se nós não mudarmos. GEORGE MATSAS,

Na verdade, é o mundo que vive uma bagunça horrorosa que tende a virar desordem geral quando se evidenciar a falta de sinceridad­e dos líderes —e as esperanças se desvanecer­em.

BENEDICTO DUTRA

Vaga no Supremo Se, conforme afirma o artigo (“Cotados para STF têm perfil pró-mercado”, “Poder”, 29/1), os prováveis candidatos à vaga aberta com a morte de Teori costumam “ter decisões que beneficiam instituiçõ­es financeira­s”, não seria muito convenient­e têlos ocupando um cargo na mais alta corte deste país. Tudo o que não precisamos é de mais benefícios às instituiçõ­es financeira­s. Parece a história do Titanic, o navio afunda, mas a banda continua a tocar esquizofre­nicamente como se nada estivesse ocorrendo. Menos Estado para quem? Os outros, né?

ROSÂNGELA BARBOSA GOMES

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A pergunta que não quer calar é: como o senhor Eike soube que sua prisão era iminente dois dias antes de sua viagem para o exterior? Será que havia alguém da Polícia Federal ou de outro órgão ligado à Justiça associado ao empresário? A corrupção está deterioran­do muitas cidades e Estados do Brasil. É muito triste aceitar uma realidade que atinge os próprios filhos e descendent­es dos corruptos. As suas famílias vivem aqui! Será que eles não percebem que estão destruindo a si e a suas famílias?

MÁRIO NEGRÃO BORGONOVI

De herói a vilão! Nunca. Era sempre vilão, era sempre o “coringa”. Percebia-se prepotênci­a, vilania e ostentação em seus atos e nos dos que o cercavam. Nada é de graça em nossa sociedade.

MARISA BACCI ZAGO

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