Folha de S.Paulo

Em NY, Eike embarca para o Brasil e diz que vai ‘cumprir’ seu dever

Considerad­o foragido, empresário apareceu em aeroporto por volta das 21h45 deste domingo

- RENATA CAFARDO

Ele falou com a TV Globo dentro da sala de embarque do JKF; antes, questionad­o se ia se entregar, sorriu

Considerad­o foragido pela Polícia Federal, o empresário Eike Batista embarcou no aeroporto JFK, em Nova York, na noite deste domingo (29), por volta das 21h45 (horário de Brasília) com destino ao Brasil. No caminho até o local de embarque, questionad­o pela reportagem se iria se entregar, apenas sorriu.

Já na área interna do aeroporto, reservada aos passageiro­s que aguardavam a chamada de seu voo, o 973 da American Airlines, o empresário concedeu uma entrevista à TV Globo, exibida pelo “Fantástico”. “Estou voltando, vou responder à Justiça, como é o meu dever.”

“Meu sentimento é que tem que se mostrar o que é. Está na hora de passar as coisas a limpo”, afirmou Eike.

Ele afirmou ainda que nunca pensou em fugir para a Alemanha —Eike tem dupla nacionalid­ade. “Sempre venho a Nova York a negócios.”

Eike foi o principal alvo da Operação Eficiência, deflagrada pela Polícia Federal, na quinta-feira (26).

Quando a ação estourou, ele estava fora do país. Seus advogados negaram, na ocasião, que ele tivesse fugido.

O empresário foi declarado foragido e teve o nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol (alerta internacio­nal de foragidos).

Ele teve a prisão decretada depois que dois doleiros fizeram acordos de delação com a Operação Lava Jato no Rio e contaram que ele pagou US$ 16,5 milhões de propina ao ex-governador do Rio Sergio Cabral, que está preso.

O dinheiro teria sido depo- sitado no Uruguai em contas movimentad­as por operadores de Cabral. A operação foi justificad­a, segundo os investigad­ores, com a simulação da compra e venda de uma mina de ouro.

Antes de embarcar de volta ao Brasil, neste domingo, Eike caminhou tranquilam­ente pelo terminal 8 do JFK.

Ele chamou a atenção de outros passageiro­s brasileiro­s que estavam no local e chegaram a tirar fotos do empresário, que não se mostrou apressado ou nervoso.

Eike carregava apenas uma mala de mão e não enfrentou filas para fazer o check in. A cada pergunta feita pela reportagem, respondia apenas com sorrisos.

Como mostrou a Folha, pessoas próximas ao empresário diziam que ele estava disposto a se entregar à PF desde que não tivesse que ir para uma prisão comum —ele temia correr risco de vida.

O receio vem do fato de Eike não ter curso superior.

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Renata Cafardo/Reprodução/Folhapress O empresário Eike Batista no aeroporto JFK, em Nova York

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