Trump recua, mas defende decreto contra imigração
Medida gerou protestos; presidente nega que ação seja veto a muçulmanos
Chefe de gabinete da Casa Branca disse que pessoas com “green card” não serão mais barradas no país
Em comunicado divulgado no domingo (29), o presidente Donald Trump defendeu seu decreto que barra a entrada de refugiados nos Estados Unidos e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, diante de caos nos aeroportos, protestos no país inteiro e várias decisões judiciais proibindo deportações.
“Não se trata de um veto a muçulmanos, como a mídia vem noticiando de forma mentirosa”, disse Trump. “(O decreto) não está relacionado a religião —trata-se de combater o terror e manter nosso país seguro. Há mais de 40 países de maioria muçulmana no mundo que não foram afetados pela medida.”
No entanto, em uma mensagem no Twitter algumas horas antes, Trump havia condenado o grande número de assassinatos de cristão no Oriente Médio, sem se referir a mortes de muçulmanos, muito mais numerosas.
Ele também comparou seu decreto à medida adotada pelo ex-presidente Barack Obama em 2011. Mas a política de Obama foi bem mais limitada —ele suspendeu a avaliação de pedidos de refúgio de cidadãos iraquianos por seis meses após a descoberta de dois terroristas iraquianos da Al Qaeda vivendo como refugiados em Kentucky.
A medida de Trump suspende a entrada de todos os refugiados nos EUA por um prazo de 120 dias e deixa no limbo aqueles que já estavam a caminho do país. O decreto também barra por tempo indefinido o acolhimento de refugiados sírios no país e proíbe por 90 dias a entrada de qualquer indivíduo de sete países de maioria muçulmana “com tendências de terrorismo” : Síria, Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Somália e Sudão.
No domingo, o governo já havia recuado em um dos pontos do decreto, diante de decisões de vários juízes suspendendo partes da medida. Segundo o chefe de gabinete da Casa Branca, Reince Priebus, detentores de autorização permanente para morar e trabalhar nos EUA, o chamado “green card”, não serão barrados mesmo se vierem dos países vetados, ao contrário do que a Casa Branca havia dito no sábado (28).
Mas Priebus indicou que até cidadãos americanos que viajem frequentemente a um desses sete países podem estar sujeitos a interrogatório e detenção. Stephen Miller, influente assessor de Trump, disse que o governo está discutindo a possibilidade de exigir que visitantes estrangeiros compartilhem sua lista de contatos no celular e revelem sites e mídias sociais que usam.
Segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA, 109 pessoas haviam sido detidas em aeroportos nos EUA até a tarde deste domingo (29), impedidas de entrar no país. Além disso, 173 foram impedidas de embarcar em voos com destino aos EUA.
Juízes de Nova York, Virgínia, Seattle e Boston determi-