Folha de S.Paulo

Trump recua, mas defende decreto contra imigração

Medida gerou protestos; presidente nega que ação seja veto a muçulmanos

- PATRÍCIA CAMPOS MELLO Mike Pence (sentado ao centro) se reúne com equipe de Trump

Chefe de gabinete da Casa Branca disse que pessoas com “green card” não serão mais barradas no país

Em comunicado divulgado no domingo (29), o presidente Donald Trump defendeu seu decreto que barra a entrada de refugiados nos Estados Unidos e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, diante de caos nos aeroportos, protestos no país inteiro e várias decisões judiciais proibindo deportaçõe­s.

“Não se trata de um veto a muçulmanos, como a mídia vem noticiando de forma mentirosa”, disse Trump. “(O decreto) não está relacionad­o a religião —trata-se de combater o terror e manter nosso país seguro. Há mais de 40 países de maioria muçulmana no mundo que não foram afetados pela medida.”

No entanto, em uma mensagem no Twitter algumas horas antes, Trump havia condenado o grande número de assassinat­os de cristão no Oriente Médio, sem se referir a mortes de muçulmanos, muito mais numerosas.

Ele também comparou seu decreto à medida adotada pelo ex-presidente Barack Obama em 2011. Mas a política de Obama foi bem mais limitada —ele suspendeu a avaliação de pedidos de refúgio de cidadãos iraquianos por seis meses após a descoberta de dois terrorista­s iraquianos da Al Qaeda vivendo como refugiados em Kentucky.

A medida de Trump suspende a entrada de todos os refugiados nos EUA por um prazo de 120 dias e deixa no limbo aqueles que já estavam a caminho do país. O decreto também barra por tempo indefinido o acolhiment­o de refugiados sírios no país e proíbe por 90 dias a entrada de qualquer indivíduo de sete países de maioria muçulmana “com tendências de terrorismo” : Síria, Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Somália e Sudão.

No domingo, o governo já havia recuado em um dos pontos do decreto, diante de decisões de vários juízes suspendend­o partes da medida. Segundo o chefe de gabinete da Casa Branca, Reince Priebus, detentores de autorizaçã­o permanente para morar e trabalhar nos EUA, o chamado “green card”, não serão barrados mesmo se vierem dos países vetados, ao contrário do que a Casa Branca havia dito no sábado (28).

Mas Priebus indicou que até cidadãos americanos que viajem frequentem­ente a um desses sete países podem estar sujeitos a interrogat­ório e detenção. Stephen Miller, influente assessor de Trump, disse que o governo está discutindo a possibilid­ade de exigir que visitantes estrangeir­os compartilh­em sua lista de contatos no celular e revelem sites e mídias sociais que usam.

Segundo o Departamen­to de Segurança Interna dos EUA, 109 pessoas haviam sido detidas em aeroportos nos EUA até a tarde deste domingo (29), impedidas de entrar no país. Além disso, 173 foram impedidas de embarcar em voos com destino aos EUA.

Juízes de Nova York, Virgínia, Seattle e Boston determi-

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Donald Trump fala com líderes estrangeir­os pelo telefone
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Jonathan Ernst/Reuters

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