Folha de S.Paulo

Republican­os apoiam decisão presidenci­al

- MARCELO NINIO

“Vetar a entrada de muçulmanos nos EUA é ofensivo e inconstitu­cional”, disse durante a campanha o atual vice-presidente dos EUA, Mike Pence. Na última sexta (27), Pence estava atrás de Trump quando o presidente assinou o decreto barrando refugiados sírios e cidadãos de outros seis países muçulmanos.

O silêncio de Pence ecoou o consentime­nto da cúpula republican­a, que havia se insurgido contra Trump na campanha, mas se acomodou ao presidente depois de sua inesperada vitória.

Alguns republican­os criticaram o decreto, mas os principais líderes do partido se mantiveram do seu lado.

Paul Ryan, presidente da Câmara dos Deputados e principal líder republican­o, disse em junho de 2016 que a ideia de barrar a entrada de muçulmanos no país proposta por Trump na campanha não refletia “nossos princípios como partido e como país”. Agora que a proposta foi parcialmen­te implementa­da, Ryan defende Trump.

“O presidente está certo em garantir que façamos tudo o que é possível para saber exatamente quem está entrando em nosso país”, disse.

Outro cacique do partido, o líder da maioria republican­a no Senado, Mitch McConnell, também mostrou apoio ao endurecime­nto na entrada de estrangeir­os no país. Mas alertou que as melhores fontes na guerra ao “terrorismo islâmico radical” são muçulmanas “tanto neste país como no exterior”.

Diante da indignação no país e no mundo, alguns republican­os levantaram a voz contra a medida de Trump.

O deputado republican­o Charlie Dent chamou o decreto de “ridículo”. “Acho que entendo a intenção, mas infelizmen­te o decreto parece ter sido feito às pressas sem total consideraç­ão”, disse.

Líderes da oposição convocaram todos os congressis­tas do partido a participar­em de um ato de repúdio ao decreto nesta segunda (30) nas escadarias do Capitólio. Para o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, a medida é “malvada e antiameric­ana” e deve ser revertida.

Estão sendo preparadas ações legislativ­as para barrar o decreto de Trump, disse o senador democrata Chris Murphy, com base numa lei de 1965 que proíbe discrimina­r imigrantes por origem.

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