‘Temos medo’, diz mulher de sírio barrado
ção mais delicada. Seu governo aproximou-se de Trump neste mês, tendo em vista travar um acordo de livre comércio vantajoso após deixar a União Europeia.
May inicialmente não condenou a medida americana. Mas, pressionada, disse não concordar com a solução.
No Brasil, embora sem citar Trump, o presidente Michel Temer condenou a intolerância e a xenofobia em discurso durante o Ato Nacional em Memória às Vítimas do Holocausto, em São Paulo.
Simultâneo às críticas de líderes mundiais, o silêncio de nações árabes incomodou durante o final de semana. Países do Golfo e o Egito, aliados americanos, não se uniram ao repúdio global.
O governo iraquiano tampouco declarou-se, mas membros do Parlamento sugeriram uma medida contra os EUA. Houve críticas também do Irã e do Sudão, afetados, como o Iraque, pelas restrições.
DE MADRI
A tradutora síria-americana H.D., 35, esperava reencontrar-se com o marido na semana que vem. As medidas migratórias recém-anunciadas pelo governo americano, no entanto, suspenderam os planos do casal.
Seu marido, que trabalha na Arábia Saudita, é sírio —uma das sete nacionalidades afetadas pelo decreto de Donald Trump.
O casal telefonou à embaixada americana e foi informado de que o marido não pode entrar no país, apesar de ter “green card”.
“Não sabemos se vamos cancelar a passagem dele”, diz à Folha H.D., que prefere não se identificar.
“Todo o mundo está assustado e nós estamos ouvindo rumores diferentes. Vamos esperar.”
H.D. se diz ansiosa em relação à sua própria permanência nos EUA, apesar de ter passaporte americano. Ela nasceu na Síria, e foi aos EUA quando jovem.
“Os muçulmanos não querem sair do país. Eu também estou atemorizada”, afirma.
Histórias como a de H.D. multiplicavam-se durante o final de semana, enquanto o público tentava entender as medidas.
Aeroportos nos principais países do Oriente Médio, como o Egito e o Líbano, passaram a aplicar o veto, interrompendo as viagens de famílias. Dezenas teriam sido barradas em Istambul, polo regional para os voos. (DIOGO BERCITO)