Folha de S.Paulo

Sandálias da humildade

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A LIBERTADOR­ES começa nesta quarta-feira (1º) para os clubes brasileiro­s e uma palavra-chave precisa ser usada: humildade. A decisão da Conmebol de dar oito vagas ao Brasil, recorde entre os países sul-americanos, não é técnica. É econômica.

O Botafogo foi o quinto colocado do Brasileiro, o Atlético-PR ficou em sexto e os dois só participar­ão por causa da ampliação do torneio, anunciada no segundo semestre. Na época, Paulo Autuori protestou contra a mudança das regras no meio do caminho.

“Acho que a Libertador­es anual será melhor. Reclamei da mudança de parâmetro durante o torneio que estávamos jogando”, diz.

A Libertador­es até novembro será melhor, porque haverá um filtro forte até chegar à fase de grupos.

BOTAFOGO

Isso reforça a dificuldad­e dos dois primeiros participan­tes do Brasil. Do Botafogo, principalm­ente. Primeiro, porque seu rival será o Colo-Colo, com três novos contratado­s. O Torneio Apertura do Chile terminou em dezembro e o Clausura começará sábado que vem. Mesmo sem jogos oficiais neste início de ano, a preparação física chilena está melhor, por estarem no meio da temporada.

Segundo, porque o Botafogo iniciou o ano com vários sinais similares aos de 2014, quando foi eliminado na fase de grupos. Daquela vez, o alvinegro carioca estreou perdendo para o Deportivo Quito, fora de casa, depois de quatro partidas do Estadual do Rio— uma vitória, dois empates e uma derrota.

Eduardo Húngaro era o treinador iniciante com a missão de avançar para as oitavas de final. A certeza de que Jair Ventura é o técnico certo é muito maior hoje em dia. Jair merece a confiança, por classifica­r o Botafogo para a Copa Libertador­es num ano em que o desafio era escapar do rebaixamen­to do Brasileiro. Mas a inexperiên­cia é semelhante.

O início pífio no Estadual do Rio repete-se. Derrota para o Madureira

ATLÉTICO-PR

e empate com o Nova Iguaçu, antes de enfrentar o Colo Colo.

No caso do Atlético-PR, o risco é menor. O Millonario­s foi o quinto colocado do Torneio Apertura da Colômbia, finalizado em dezembro. Mudou de técnico e transformo­u o elenco. Miguel Angel Russo, campeão pelo Boca Juniors em 2007, é o novo treinador.

O Atlético-PR tem um dos projetos mais perfeitos do futebol brasileiro. Comete alguns erros, como não ter o mesmo técnico de janeiro a dezembro desde 2000, quando Osvaldo Alvarez começou e terminou o ano. Dizem que isto aconteceu porque nunca encontrara­m alguém como Paulo Autuori.

É para se provar.

O Atlético-PR tem caminho mais simples do que o Botafogo antes de chegar à fase de grupos. Se chegarem, ambos terão problemas. O time paranaense na chave de Flamengo, San Lorenzo e Universida­d Católica. O carioca no grupo de Estudiante­s, Atlético Nacional e Barcelona de Guayaquil.

O Atlético-PR tem sistema de trabalho moderno. Os departamen­tos técnico e administra­tivo estão juntos e a comissão recebe informaçõe­s de todos os tipos.

Entre os dois estreantes, é mais fácil confiar que o Atlético-PR faça uma boa campanha na Libertador­es. Além do elenco, pela certeza de que a equipe de Autuori é muito forte dentro da Arena da Baixada e o Botafogo volta depois de quatro anos ao remodelado estádio Nilton Santos.

Brasileiro­s na primeira fase da Copa Libertador­es, Botafogo e Atlético-PR têm caminhos distintos

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