Folha de S.Paulo

Na Argentina, a América do Sul produzirá 167 milhões de toneladas, mesmo volume de 2016, segundo Daniele.

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Os produtores de soja da América do Sul colocam as colheitade­iras em campo e começam a enviar a produção para os armazéns. A produtivid­ade surpreende em diversas regiões, e mais uma boa safra deverá ser consolidad­a.

A produção da América do Sul será de 167 milhões de toneladas, 49% dos 338 milhões de toneladas a serem colhidos no mundo.

O Brasil será responsáve­l por 62% do volume da América do Sul, e a soja gerará receitas de R$ 120 bilhões para os sojicultor­es brasileiro­s.

Os produtores também estão esperanços­os no Paraguai. A safra, embora possa ter problemas pontuais em algumas áreas, apresenta-se como uma das melhores.

O produtor José Rubio percorre suas lavouras, arranca um pé de soja e conta as vagens: são 124. Em seguida, abre uma delas e avalia a formação e o peso dos grãos. “É soja para mais de 4.000 quilos por hectare”, conclui.

Esse volume condiz com as áreas já colhidas pelo produtor, onde as máquinas retiraram 4.500 quilos por hectare.

A média de produção no Paraguai, no Brasil, na Argentina e até nos EUA tem girado por volta de 3.000 quilos.

Rubio, produtor do Departamen­to de Caaguazú, na região leste do país, diz que desta vez acertou ao semear a soja no início de setembro.

O clima ajudou, e a produtivid­ade está elevada.

Os produtores do Paraguai que antecipara­m o plantio no ano passado têm outro bom motivo para comemorar: as colheitade­iras avançam sobre a área de soja e os tratores vêm logo em seguida fazendo um novo plantio, a chamada safrinha.

Mas esse não é o cenário para todo o país. As regiões que semearam mais tarde estão com um desenvolvi­mento mais lento da safra.

Mesmo assim, será uma safra recorde, podendo alcançar 9,5 milhões de toneladas.

Para atingir esse volume, basta a produtivid­ade deste ano ficar no mesmo patamar médio de 2016, ou seja, 46 sacas por hectare, segundo Daniele Siqueira, da AgRural.

Outro fator que anima os produtores de soja são os preços, que se mantêm em patamares bons. PROBLEMAS O cenário, bom para uns, é ruim para outros. Enquanto os americanos já tiraram do campo o volume recorde de 118 milhões de toneladas de soja e os brasileiro­s devem obter um volume de 104 milhões, também recorde, os argentinos têm problemas.

Reduziram a área de plantio em 4,5%, para 19,2 milhões de hectares, e o clima não tem ajudado.

A manutenção dos preços da soja acima de US$ 10 por bushel (27,2 quilos) em Chicago se deve, em boa parte, à menor safra argentina, de acordo com Daniele.

Projetada em até 57 milhões de toneladas inicialmen­te, a safra dos vizinhos deverá ficar em 52 milhões.

A redução de área ocorreu porque parte dos produtores argentinos trocou o plantio de soja pelo de milho.

Mesmo com a quebra de safra BRASIL As condições de produção no Brasil não divergem muito das do Paraguai. Há chuva em algumas regiões de Mato Grosso, Estado líder de produção, e atraso na colheita no Paraná (segundo maior produtor) devido ao frio durante o desenvolvi­mento das lavouras.

A Bahia, que era um Estado mais problemáti­co no início da safra, tem melhorado, enquanto Goiás e Mato do Grosso Sul têm áreas com seca. Já o Rio Grande do Sul não teve a seca prevista, mas boa parte da soja ainda está em fase vegetativa.

Em resumo: “Por ora tudo certo e sem grandes problemas na produção”, afirma a analista da AgRural.

Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), concorda com Daniele. “Não vejo grandes mudanças nos números para este ano”, referindo-se às estimativa­s de produção do Estado: produtivid­ade de 54 sacas por hectare (3.240 kg) e um total de 30,4 milhões de toneladas.

O preço, que esteve entre R$ 70 e R$ 75 por saca na região, caiu para a faixa de R$ 62 a R$ 64. “Uma nova alta fica por obra do câmbio, novas delações na Lava Jato ou uma política controvers­a de Donald Trump”, diz Dalcin.

Daniel Latorraca, presidente do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuár­ia), também não acredita em mudanças nas estimativa­s de safra para o Estado, mas a colheita não está com o ritmo esperado.

As chuvas em algumas regiões podem derrubar a qualidade da soja, dificultar a comerciali­zação e atrasar o plantio de milho. Ele se diz, no entanto, confiante em que esta será uma boa safra.

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O produtor José Rubio avalia lavoura de soja no Paraguai; safra no país deve atingir o recorde de 9,5 milhões de toneladas

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