Folha de S.Paulo

Aliados ‘incertos’ desafiam novos prefeitos

Recém-eleitos em quatro capitais fizeram campanhas de oposição e cortes em cargos públicos, dificultan­do negociaçõe­s

- JOÃO PEDRO PITOMBO

Mesmo com maioria na Câmara do Rio, Crivella tem apoio de menos vereadores que Eduardo Paes, seu antecessor

Depois de anunciar cortes de secretaria­s nas administra­ções, novos prefeitos de capitais iniciaram o mandato com bases aliadas incertas nas Câmaras Municipais.

Eleitos em coligações enxutas, com entre três e sete partidos, os prefeitos de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba terão que negociar com vereadores eleitos por outras chapas para obter ampla maioria.

Os quatro prefeitos têm perfil parecido: foram eleitos com um discurso de oposição às gestões anteriores e anunciaram cortes na máquina pública. Por isso, terão pouca margem para negociar cargos em troca em apoio.

O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior (PSDB), chega ao cargo com uma bancada de 11 vereadores na base e 7 na oposição.

Terá que conquistar o apoio de outros 18 vereadores para construir maioria simples, atraindo partidos como PSB e DEM, que apoiaram Sebastião Melo (PMDB), seu adversário no segundo turno.

“O prefeito tem sido claro que não vai trocar secretaria­s por apoio. A ideia é conquistar os indecisos e independen­tes com as nossas propostas”, afirma Kevin Krieger (PP), secretário de Relações Institucio­nais de Marchezan.

Em situação mais confortáve­l, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), deve ter uma base com 38 dos 51 vereadores e uma oposição firme de 8 vereadores do PSOL e PT.

Principal alvo das críticas de Crivella na campanha, o PMDB vai apoiar o novo prefeito com seus dez vereadores. Já o DEM, com quatro nomes, anunciou independên­cia, assim como o vereador eleito pelo Partido Novo.

Mesmo sendo maioria, a base de Crivella ainda é menor que a do prefeito Eduardo Paes (PMDB), que chegou a ter 44 vereadores.

O prefeito cortou o número de secretaria­s de 24 para 12 e contemplou apenas o núcleo de partidos mais próximo.

“O desafio é mudar o paradigma. Não vamos contemplar os vereadores com cargos, mas vamos trabalhar para atender as demandas deles, com obras nas suas comunidade­s, por exemplo”, diz o vereador Paulo Messina (Pros), líder de Crivella na Câmara.

Em Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) saiu das urnas com uma base formada por apenas 8 dos 41 vereadores.

No seu primeiro teste, a disputa pela presidênci­a da Câmara, foi derrotado: o candidato apoiado pelo prefeito, Dr. Nilton (Pros), teve o voto de 15 dos 41 vereadores e foi derrotado pelo adversário Henrique Braga (PSDB).

Apesar da derrota, membros da articulaçã­o política do

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