Sandra Jacqueline consolou, e foi consolada
A uruguaia Sandra Jacqueline Madrid, 45, que era casada com o roupeiro Anderson Lucas, o Cocada, também preferiu permanecer em Chapecó ao invés de retornar para a sua terra natal, Salto, cidade a 500 km de Montevidéu. Foi no país vizinho que eles se conheceram, durante missão evangélica, em 2002.
Jacqueline trabalha na Chapecoense há três anos, sempre próxima das categorias de base. Hoje, ela é auxiliar administrativa da área, encarregada de cuidar de burocracias e problemas dos jovens jogadores do clube.
“A maioria dos meninos que está aqui nós conhecemos. Eu e o Cocada moramos com os meninos da categoria sub-15, em alojamento, assim que chegamos a Chapecó. Cuidávamos deles. Eles são muito carinhosos, temos muita amizade até hoje”, diz.
Após o acidente, ela conta que os garotos ficaram deprimidos. Uma força-tarefa foi mobilizada no clube para consolá-los. Como amiga, Jacqueline também ajudou a confortá-los, e recebeu contrapartida dos garotos.
“Eles ficaram muito abalados, mas receberam apoio dos psicólogos e dos professores do clube, e também das próprias famílias.”
A volta ao Uruguai, onde a família mora, não foi cogitada. Foi em Chapecó o último lugar onde ela e Cocada estiveram juntos, e onde compartilharam a dedicação ao mesmo time que os acolheu depois de anos rodando por clubes de diversas cidades do país —Lençóis Paulista, Bauru, Jaú, Rio Preto, Santo André, São Carlos e Brusque.
“Não, não. Não pensei em sair. Decidi ficar em Chapecó. Foi aqui que eu o deixei também. Vou continuar. Para mim, é muito importante participar desse projeto de reconstrução da Chapecoense. Isso me ajuda quando eu vejo a dedicação do clube e de todos”, afirma.