Folha de S.Paulo

Americanos que votaram em Trump veem promessa cumprida

Eleitores creem que decreto de imigração ajudará na segurança

- SABRINA TAVERNISE

Sal Oliva, funcionári­o de hotel e mensageiro do Uber em Nova York, está muito feliz com a ordem executiva do presidente Donald Trump. O mesmo vale para Michael Bower, dono de uma empresa de alarmes em Seattle, e para Lynn e Don Broesch, aposentado­s que vivem perto de Milwaukee, no Wisconsin.

A política de imigração de Trump pode estar causando protestos e despertand­o dúvidas e objeções entre aliados dos EUA no exterior. Mas em casa, boa parte do eleitorado apoia o presidente.

Os eleitores de Trump dizem que a promessa de políticas mais duras para imigração é um dos principais motivos para que tenham votado nele. O decreto da sexta (27) e a ordem anterior para a construção de um muro na fronteira demonstram que Trump fala sério, dizem.

“Fiquei muito feliz, nem acreditei”, disse Oliva, 32. Ele é gay e disse que o ataque à Pulse, em Orlando, por um americano de ascendênci­a afegã o abalou. “Aquilo mexeu comigo. Eu poderia ter sido uma das vítimas.”

Os detratores de Trump argumentam que suas ações não têm base em fatos. Desde 11 de setembro de 2001, ninguém foi morto nos UA por um imigrante –ou filho de imigrante– de um dos sete países que constam da lista de restrição de entrada.

“Eu não culpo minha avó, que jamais viu um muçulmano na vida mas passa o tempo todo assistindo a muçulmanos explodindo coisas na TV”, disse Bower, 35, que se criou na região rural do Idaho. “Não é irracional que as pessoas se preocupem.”

Pesquisas recentes mostram apoio dos americanos a alguma forma de suspensão temporária da imigração. Uma pesquisa da Quinnipiac University, feita em janeiro, mostra que 48% dos entrevista­dos apoiam “suspender a imigração vinda de áreas ‘propensas ao terrorismo’ mesmo que isso signifique recusar refugiados dessas regiões”, ante 42% que se opõem.

Oliva afirma que a mídia só retrata os imigrantes muçulmanos de modo positivo.

“Todas as reportagen­s sobre imigrantes muçulmanos os mostram como mais americanos que uma torta de maçã”, ele diz. “Mas, desculpe, o Islã não é amigo dos LGBT. Quando o Islã encontra gays na Somália ou seja lá onde for, eles são jogados do telhado. E você espera que eles sejam diferentes só porque se mudaram para cá? Não se pode esperar que essas pessoas absorvam nossos valores”. PAULO MIGLIACCI

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An Rong Xu/“New York Times” Sal Oliva, de Nova York, que apoia decreto sobre imigração

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