Folha de S.Paulo

A relevância da regulariza­ção fundiária

Diversos benefícios estão vinculados à regulariza­ção da propriedad­e. Sem título, não há crédito. Sem crédito, não há reforma agrária eficiente

- JOSÉ RICARDO RAMOS ROSENO (São Paulo, SP) saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Os números da reforma agrária denunciam um dos grandes gargalos do país: a regulariza­ção fundiária. Mais de 1 milhão de famílias vivem em 9.332 assentamen­tos espalhados pelo Brasil.

A maioria, cerca de 85%, ainda não tem nenhum documento que comprove a posse da terra. Para mudar essa realidade, o presidente Michel Temer deu andamento à medida provisória 759/2016, com o objetivo de acabar com a ineficiênc­ia da reforma agrária no país e transforma­r a atual ideologia do processo de seleção das famílias em algo concreto.

São ainda 170 mil famílias sem habitação. Ou seja, ainda continuam sob a lona preta nos assentamen­tos, sem crédito para plantar, colher ou vender sua produção.

A necessidad­e de atualizar os marcos legais da reforma agrária e da regulariza­ção fundiária no Brasil está expressa nos acórdãos do Tribunal de Contas da União.

Foram apontados 678.430 indícios de irregulari­dades, o que determinou a suspensão do Programa de Reforma Agrária em 2016. Medidas administra­tivas e o compromiss­o do governo Temer de rever os gargalos normativos convencera­m o TCU a permitir a retomada dos processos de assentamen­to.

A MP 759 não propõe uma nova reforma agrária, apenas possibilit­a sua efetividad­e e corrige contradiçõ­es que inviabiliz­am seu objetivo central: a promoção do bem-estar das famílias rurais e o desenvolvi­mento sustentáve­l do campo.

Ter acesso à terra é um importante passo, mas apenas o primeiro, pois cidadania também requer recursos, assistênci­a técnica, garantia de comerciali­zação. E todos esses benefícios estão vinculados à regulariza­ção da propriedad­e do agricultor familiar. Sem título, não há crédito. Sem crédito, não há reforma agrária eficiente.

Não convém avaliar as razões que levaram os governos anteriores a deixar a regulariza­ção fundiária em segundo plano, mas o fato é que em 12 anos (2003 a 2015) foram entregues 22.729 títulos. Já entre 2000 e 2002, ultrapasso­u-se a casa dos 62 mil.

Aprovadas as alterações às leis 8.629/1993 (reforma agrária) e 11.952/2009 (regulariza­ção fundiária na Amazônia Legal), o governo do presidente Temer pretende entregar 750 mil títulos até 2018.

Com a edição da MP 759, o gover- no federal propõe ao Congresso um modelo de reforma agrária mais transparen­te, eficaz e ágil. Além disso, deixa claras as resoluções de seleção, ingresso e permanênci­a no programa, e ainda desburocra­tiza o processo de aquisição de terras.

Estabelece-se, agora, uma nova ordem de preferênci­a na seleção e no ingresso de beneficiár­ios, com edital público para criação de listas de candidatos, separados por projeto de assentamen­to e com validade de dois anos.

Cria-se, ainda, critérios legais de avaliação mais claros e adequados à realidade social de hoje —o que possibilit­ará também a regulariza­ção de ocupantes que atenderem as novas exigências, corrigindo assim os apontament­os do TCU.

A agricultur­a familiar é responsáve­l por quase 38% do valor bruto da produção agropecuár­ia, gera 74,4% dos postos de trabalho no meio rural e ainda produz quase 50% dos alimentos da cesta básica.

Ao titular e legalizar uma propriedad­e, o governo permite que o agricultor acesse políticas públicas, gerando mais riquezas para o país e qualidade de vida no meio rural brasileiro. JOSÉ RICARDO RAMOS ROSENO,

MÁRCIA MEIRELES

Eleição no Senado Num país minimament­e sério, o senhor Eunício Oliveira, apelidado de “Índio” na planilha da Odebrecht, não poria nem os pés no Senado. Porém aqui em Pindorama ele não só vai entrar como se sentará na cadeira da presidênci­a por um longo período, num acinte a todos nós (“PMDB mira comissão que vai sabatinar ministro do STF”, “Poder”, 1º/2).

MILTON MEDINA

Pedro Parente Pedro Parente, que está reerguendo a Petrobras, é uma das provas de que o país está mudando para melhor. Os “pithecanth­ropus ideológico­s” que são contra o capital estrangeir­o arruinaram a empresa dizendo que estavam defendendo o Brasil (“Ranço ideológico e vida real”, “Tendências/Debates”, 1º/2).

RUBENS FIGUEIREDO

Que garantia os brasileiro­s têm de que este tal capital estrangeir­o vai diminuir o desemprego no Brasil? E que adianta ter engenheiro­s brasileiro­s trabalhand­o eternament­e para os capitalist­as estrangeir­os? A continuar dessa forma, jamais seremos uma nação independen­te.

ADENOR DIAS

Futebol Os números justificam a revolta de Paulo Autuori, treinador do Atlético-PR, com o calendário do futebol brasileiro (“A CBF não trabalha o futebol brasileiro como deveria”, “Esporte”, 1º/2). Caso seu clube chegue à final de todas as competiçõe­s de 2017, seus atletas poderão disputar 85 partidas oficiais. Na Alemanha, o máximo de jogos oficiais numa temporada são 57.

FELIPE MARTINS MORAES DAHER

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O prefeito João Doria tem meu apoio incondicio­nal na luta contra as pichações. Prédios públicos e privados, monumentos, nada escapa à sujeira dos pichadores. Não vamos confundir pichações com o grafite de artistas profission­ais que, regulament­ados, expressam arte e embelezam muros e viadutos. Parabéns, prefeito! JOSÉ OTÁVIO COSTA AULER JUNIOR Remuneraçã­o A comparação precisa ser feita com qualidade, entre cargos similares em nível de complexida­de e responsabi­lidade (“Diferença de salário entre setor público e privado aumenta”, “Mercado”, 1º/2). O governo deveria ter uma agência de remuneraçã­o pública independen­te que garantisse comparaçõe­s corretas de remuneraçã­o entre servidores públicos e empregados do setor privado. Provavelme­nte os políticos e gestores públicos de alto nível melhoraria­m suas remuneraçõ­es, e os de nível médio as teriam corrigidas para baixo.

EDUARDO GIULIANI

Jânio Quadros O jornalista Ruy Castro rememorou, em seu artigo “Com razão” (“Opinião”, 30/1), o centenário do ex-presidente Jânio Quadros, dimensiona­ndo mal facetas importante­s da vida e da obra de Jânio, preferindo supervalor­izar sua caricatura. “Ninguém, com razão, se lembrou de sua literatura”, escreveu o jornalista. Nós é que não iremos nos lembrar do jornalismo mesquinho e apoucado praticado por Ruy Castro. Seu artigo sobre Jânio bem que poderia se chamar “Sem razão”.

MARCELO HENRIQUE,

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