Folha de S.Paulo

Procurador­ia deve produzir nova ‘lista de Janot’

Ministério Público pretende enviar pacote de pedidos de inquéritos

- CAMILA MATTOSO

Políticos citados em delação da Odebrecht serão alvos no STF, que ainda não definiu relatoria da Lava Jato

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pretende entregar um pacote de pedidos de inquéritos ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra políticos citados nas 77 delações de executivos da construtor­a Odebrecht.

O formato deve repetir a chamada “lista de Janot”, divulgada em março de 2015, quando o procurador solicitou a abertura de investigaç­ão contra pessoas com foro citadas nas delações do exdiretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Yousseff.

Congressis­tas e ministros de Estado têm foro privilegia­do no Supremo. O procurador precisa pedir autorizaçã­o para investigá-los.

Desde a homologaçã­o do acordo com a Odebrecht pela presidente do STF, Carmen Lúcia, na segunda-feira (30), Janot está debruçado nos depoimento­s, analisando quais casos e quantos políticos vão demandar investigaç­ão.

Segundo a Folha apurou, até o momento, ele não considera a possibilid­ade de fatiar essa fase. A ideia é enviar tudo de uma vez ao Supremo. Não há prazo para que isso ocorra, embora o procurador tenha pressa.

A expectativ­a na Procurador­ia é que Janot não peça no curto prazo ao STF o fim do sigilo das delações.

Os casos de políticos com investigaç­ões abertas por suspeitas encontrada­s em outras fases da investigaç­ão serão complement­ados com o material da Odebrecht. Não há, por enquanto, uma estimativa de número de inquéritos que podem ser abertos a partir da delação da empreiteir­a.

Na primeira lista de Janot, protocolad­a no gabinete do ministro Teori Zavascki (morto no dia 19 passado) foram 28 inquéritos e 54 nomes. Houve também sete pedidos de arquivamen­to.

Também repetindo o formato das delações de Costa e Yousseff, os sigilos das delações da Oderebcht podem cair no momento em que o STF aceitar abrir os inquéritos.

Algumas investigaç­ões podem continuar em sigilo, por terem documentos que devem ser preservado­s, como extratos bancários.

O STF tem adotado um entendimen­to de que a PGR é quem tem o “domínio da lide”, ou seja, cabe sempre a ela dizer quando abrir os documentos ao público e quais diligência­s devem ser feitas a partir das delações.

Levantamen­to feito pela Folha em oito dos principais acordos de colaboraçã­o premiada fechados no Supremo na Lava Jato indica que a Procurador­ia optou por manter o sigilo sobre a maioria das delações, ainda que já tivessem sido homologada­s. NOVO RELATOR A presidente do STF consultou os colegas formalment­e nesta quarta (1°) sobre a transferên­cia do ministro Edson Fachin da Primeira para a Segunda Turma, responsáve­l por julgar os processos da Lava Jato na corte. Ela se aconselhou principalm­ente com os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello.

Cármen não recebeu ainda resposta de todos os consultado­s. Como Fachin é o integrante mais novo do tribunal, os demais têm preferênci­a se quiserem trocar de turma.

O entendimen­to no STF é que precisa ser publicada no “Diário da Justiça Eletrônico” a transferên­cia de Fachin. Com a Segunda Turma completa, será feita a redistribu­ição da relatoria da Lava Jato por sorteio eletrônico, que deve ocorrer nesta quinta (2).

Alguns ministros da Primeira Turma sentiram-se preteridos por Cármen Lúcia.

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