Folha de S.Paulo

Prisão era peça que faltava para roteiro de filme, dizem produtores

- ELVIS PEREIRA MARIA LUÍSA BARSANELLI

Na década de 1970, o então jovem Eike Batista avisou o pai, Eliezer, que deixaria o curso de engenharia metalúrgic­a em uma faculdade na Alemanha. Queria ficar no Brasil e montar uma empresa de comércio exterior. Seu plano era enriquecer. O pai reagiu aos gritos e com soco na mesa. “Idiota! Vou te dar um diploma de idiota!”

A história está em “Tudo ou Nada”, obra que relata a ascensão e a queda de Eike e cujos direitos foram comprados em 2015 pela produtora Mariza Leão. “Meu filho me deu esse livro e fiquei grudada nele, como uma louca.” A ideia dela é transforma­r a obra em filme e possivelme­nte em minissérie.

O cineasta João Jardim foi convidado por ela, no ano passado, para participar do projeto. “Ele escreveu um argumento, que é uma etapa que antecede o roteiro, mas faltava um pedaço da história”, afirma Mariza.

Veio, então, o que ela define como bomba: a prisão de Eike, enviado para uma cela comum em Bangu, no Rio, justamente por não ter diploma. “Agora, vamos amarrar alguns pedaços da história que não estavam amarrados”, diz a produtora.

“O Eike é um retrato do Brasil, em todos os sentidos. A ideia não é fazer um filme para demonizá-lo”, acrescenta Jardim. “Mas, por meio da história dele, mostrar como as coisas funcionam no Brasil, do ponto de vista dessa relação do empresário com o poder público.”

Escrito pela jornalista Malu Gaspar, o livro traz tanto a trajetória empresaria­l de Eike e sua aproximaçã­o com políticos quanto passagens que ilustram a imagem de excêntrico do empresário, como o uso de um revólver de espirrar água para dar trote em funcionári­os.

“É uma história shakespear­iana, de um homem que construiu muita coisa”, afirma Mariza. “Ele não é um personagem simples.”

A produtora e o cineasta planejam desenvolve­r o argumento ao longo deste ano. Por enquanto, o título do longa é o mesmo do livro: “Eike - Tudo ou Nada”.

Mariza afirma não ser possível definir o valor do orçamento do filme. Mas, segundo ela, mais da metade dos recursos virão da Paris Filmes e da Morena Filmes e estão assegurado­s.

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