Folha de S.Paulo

Escolhido agrada à direita por apoiar argumento religioso

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DO “NEW YORK TIMES”

Um ano atrás, o juiz Neil M. Gorsuch, 49, estava esquiando quando seu celular tocou. Disseram-lhe que o juiz da Suprema Corte Antonin Scalia tinha morrido.

“Perdi o pouco fôlego que ainda me restava”, contou Gorsuch num discurso, dois meses mais tarde.

“Não me envergonho de dizer que desci a montanha sem enxergar nada por causa das lágrimas.”

Ao indicar Gorsuch, Trump escolheu um juiz que não apenas admira Scalia, mas também se assemelha a ele sob muitos aspectos. Tal como Scalia, Gorsuch é “originalis­ta” —procura interpreta­r a Constituiç­ão como ela foi entendida por aqueles que a redigiram e adotaram. Esse enfoque o conduz a resultados geralmente, mas nem sempre, conservado­res.

“A Constituiç­ão não é uma mancha de tinta na qual as partes em litígio possam projetar sonhos e esperanças”, afirmou certa vez.

Ele nunca escreveu extensamen­te sobre vários pontos importante­s para muitos conservado­res, incluindo o controle de armas e os direitos dos gays, mas assumiu posições fortes em favor da liberdade religiosa, o que lhe valeu a admiração da direita.

Em dois processos de grande destaque, que chegaram à Suprema Corte, Gorsuch se alinhou a empregador­es que, por motivos religiosos, não queriam oferecer a suas funcionári­as alguns tipos de cobertura médica de anticoncep­cionais. O Supremo deu aval ao argumento religioso.

Ele nunca hesitou em assumir posições que, para alguns críticos, têm viés partidário. Criticou liberais por irem aos tribunais em vez de recorrer ao Legislativ­o para alcançar suas metas políticas. E pediu que o poder dos reguladore­s federais seja limitado.

Ele é autor do livro “The Future of Assisted Suicide and Euthanasia” (“O Futuro do Suicídio Assistido e da Eutanásia”). Nessa obra, argumenta que as leis proibindo essas duas práticas precisam ser conservada­s.

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