Pai faz relato contundente sobre criação de filho autista
Jornalista Luiz Fernando Vianna narra história de um ponto de vista melancólico e crítico de si mesmo, que define como ‘anti-ajuda’
Em dado momento, o pai do menino autista questionase: queria ter um filho assim? Não. Deixaria de ter se a ciência pudesse fazer o diagnóstico ainda no útero? Com certeza. Ainda assim, ama a criança? Sem dúvida, mais do que qualquer coisa.
Esse breve questionamento resume todo o relato de “Meu Menino Vadio”, do jornalista Luiz Fernando Vianna, sobre a relação do autor com Henrique, de 16 anos, que tem autismo. É um olhar contundente e sombrio, mas que resvala vez ou outra nas suas pequenas alegrias.
Vianna brinca dizendo ser esse um livro de “anti-ajuda”. Diferentemente do que ocorre em relatos motivacionais, o tom que atravessa a obra é cru.
“Sempre imaginei contar essa história de maneira mais crua. Sempre me incomodaram esses livros falando que o autista é um anjo, uma bênção. É um conforto, mas não tem muita relação com a realidade. E não acho que ajude. O Henrique tem uma história peculiar de dificuldades, criadas por mim e pela mãe dele”, diz.
O escritor se refere ao divórcio conturbado do casal. O livro começa com a ida da mãe com seu novo marido e Henrique, para a Austrália.
Vianna e a ex-mulher ainda brigavam na Justiça. Em dado momento, de acordo com o relato, ela pediu para ficar com a criança em um dia que não