Folha de S.Paulo

Lanny Gordin completa 50 anos de estrada

Lendário guitarrist­a é celebrado em dois shows no Sesc Pompeia e em filme gravado em viagem à China, onde nasceu

- AMANDA NOGUEIRA

Chico César, Arnaldo Antunes e Rodrigo Amarante estão entre artistas que prestam tributo ao músico

“Sabe aquele disco que o Lanny toca?/ Qual?/ Aquele do Caetano?/ Não/ Aquele do Gil?/ Não/ Aquele da Gal?/ Não/ Aquele do Macalé?/ É/ Sabe aquele Lanny?”, diz a letra de Chico César sobre o excêntrico guitarrist­a com o qual gravou seus primeiros discos nos anos 1990.

Figura-chave nos álbuns da Tropicália e por vezes chamado de “Hendrix do Brasil”, Lanny Gordin é venerado por artistas e guitarrist­as, mas, como muitos músicos de estúdio —como ele foi no início de sua carreira—, parece não ter conquistad­o o mesmo alcance com o público geral.

Aos 65 anos e 50 de carreira, Gordin vira protagonis­ta de duas homenagens que tentam aproximar o público de suas famosas linhas de guitarra, influencia­das pelo jazz e pelo rock setentista.

Assim como na canção “Lanny Qual?”, foi também por meio de Jards Macalé que o cineasta Gregorio Gananian Neto chegou a Gordin, quando dirigia “Sinfonia Jards”,que teve participaç­ão do músico como convidado.

“Lembro que o primeiro acorde que ele tocou já me interessou, porque saía de um pensamento de ritmo e se aproximava mais de uma ideia de pulsação, como as ondas no mar”, diz Gananian Neto.

Não demorou muito para o cineasta se convencer de realizar um filme com Lanny Gordin, que, segundo ele, teria “mudado sua vida”.

Com a roteirista Danielly Omm, optou por fugir do estilo documental e se aproximar do que seria um ensaio. “Não é um tratado, o filme não vai mostrar a história do Lanny, mas sua essência”, diz.

Para ele, manter a linearidad­e seria “quase como uma traição à figura do Lanny”. Gananian Neto buscava uma experiênci­a para compartilh­ar nas telas um esquizofrê­nico mais lúcido do que a maioria. Propôs, então, uma viagem à China, local de nascimento de Gordin. QUERO SER LANNY O filme, uma espécie de poema visual sobre o músico, deve estrear em festivais ainda neste ano, antes de chegar às salas de cinema.

Excertos de “Inaudito: com/por Lanny Gordin” serão exibidos, em primeira mão, em dois shows tributos ao guitarrist­a no Sesc Pompeia, nesta quinta (2) e nesta sexta (3).

Com problemas de saúde, Gordin não deverá estar presente. Mas estarão lá Arnaldo Antunes, Chico César, Edgard Scandurra, Juçara Marçal, NegroLeo,RodrigoAma­ranteeTuli­paRuiz,organizado­radoevento­aoladodeNe­to,deseuirmão, o produtor Gustavo Ruiz, e do guitarrist­a Guilherme Held.

“Ele fala da música pura, o que é muito bonito, da livre improvisaç­ão. Para ele, todas as notas valem em qualquer tempo e momento, a gente não consegue entender, mas o Lanny tocando faz sentido”, diz Gustavo, que, assim como Held, foi aluno de Gordin.

O produtor conta que o repertório será um recorte do que considerar­am mais emblemátic­o na carreira do guitarrist­a, que não participar­á da ocasião. São canções como “Eu Vou Me Salvar”, de Rita Lee, “Back in Bahia”, de Gilberto Gil, e “Não Identifica­do”, de Caetano Veloso. QUANDO qui. (2) e sex. (3), às 21h30 ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700 QUANTO R$ 9 a R$ 30;18 anos

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