Folha de S.Paulo

Temer dá status de ministro a aliado citado na Lava Jato

À frente de Secretaria Geral, Moreira Franco passa a ter foro privilegia­do

- GUSTAVO URIBE

Pasta tinha sido extinta em reforma feita por Dilma em 2015; PSDB também aumenta participaç­ão no governo

Na mesma semana em que o Supremo Tribunal Federal homologou 77 delações premiadas da Odebrecht, o presidente Michel Temer (PMDB) deu status de ministro a Moreira Franco, um dos seus principais conselheir­os e aliados no governo.

Antes secretário-executivo do PPI (Programa de Parcerias em Investimen­tos), o peemedebis­ta passa agora a ter foro privilegia­do e só pode ser julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Moreira foi citado 34 vezes na delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucio­nais da Odebrecht.

O ex-executivo o acusou de ter recebido dinheiro para defender os interesses da empreiteir­a. O peemedebis­ta, apelidado de “Angorá” pelo delator, nega irregulari­dades.

O novo ministro comandará a Secretaria Geral da Presidênci­a, que havia sido extinta em 2015 pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A estrutura abrigará, além do PPI, as secretaria­s de comunicaçã­o, administra­ção e o cerimonial, antes vinculados à Casa Civil e à Secretaria de Governo.

A nomeação de Moreira ocorre no rastro de uma reforma ministeria­l anunciada pelo Planalto.

Em um contrapont­o ao compromiss­o feito no início do governo peemedebis­ta de redução dos ministério­s, o número de pastas aumentou de 26 para 28, quatro a menos do total herdado pelo governo Dilma. TUCANOS As mudanças também ampliam o espaço do PSDB, principal aliado da gestão peemedebis­ta, na máquina pública. Com a ameaça de deixar o governo para a eleição presidenci­al de 2018, o partido passa a acumular cinco pastas, uma a menos que o PMDB.

Além da Secretaria Geral, o presidente recriou também o Ministério dos Direitos Humanos, que havia sido extinto pelo próprio peemedebis­ta quando assumiu o Planalto, em maio do ano passado.

A pasta será comandada pela desembarga­dora aposentada Luislinda Valois, filiada ao PSDB e que exercia o cargo de secretária de Pro- com Cármen Lúcia, que passou por desgaste, Temer decidiu consultar a presidente do STF antes de anunciar o novo ministro da corte. O presidente avalia duas possibilid­ades: a escolha de um nome do Superior Tribunal de Justiça, o que respeitari­a a hierarquia do Judiciário, ou de mulher com atuação técnica na esfera jurídica. moção da Igualdade Racial.

O presidente assinou ainda a nomeação do deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB-BA) para a Secretaria de Governo.

O político baiano ocupará o cargo vago desde a saída, no ano passado, de Geddel Vieira Lima, do PMDB, acusado de defender interesses privados junto ao governo. Geddel nega as acusações.

Os três novos ministros tomarão posse nesta sexta-feira (3), no Planalto. SEGURANÇA

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