Folha de S.Paulo

Substituiç­ão de Teori no Supremo joga holofotes sobre 3 ministros do STJ

- FREDERICO VASCONCELO­S

O suspense em torno do substituto de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal lançou na bolsa de apostas os ministros João Otávio de Noronha, Humberto Martins e Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Noronha foi nomeado ao STJ por Fernando Henrique Cardoso. Martins e Campbell, por Luiz Inácio Lula da Silva.

Campbell veio do Ministério Público e foi procurador­geral de Justiça do Amazonas. Noronha foi diretor jurídico do Banco do Brasil.

Martins foi subprocura­dorgeral do Estado de Alagoas e desembarga­dor do Tribunal de Justiça de Alagoas. É amigo do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

Em 2015, Martins reuniu num final de semana em Maceió magistrado­s, advogados e políticos para uma homenagem a ele mesmo. O discurso de abertura coube ao governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), filho do também peemedebis­ta senador Renan Calheiros.

O amazonense Campbell é o atual corregedor-geral da Justiça Federal, cargo já ocupado pelo alagoano Martins e pelo mineiro Noronha.

Atual corregedor nacional de Justiça, Noronha tem repetido que o principal papel da corregedor­ia é “blindar os juízes”.

Tido como um juiz de temperamen­to conciliado­r, Noronha já trocou desaforos durante sessão da Corte com o então presidente do STJ, mi-

Ministros do STJ são apostas para vaga de Teori no Supremo

nistro Francisco Falcão. Nos julgamento­s, é rigoroso com quem acusa.

No ano passado, Noronha convidou ministros do STJ para um jantar com a diretoria do Banco do Brasil, onde trabalhou durante 27 anos.

O banco, um dos maiores litigantes naquele tribunal, informou que era uma reunião de trabalho. Noronha disse que foi apenas um jantar de amigos.

Noronha e Martins têm filhos advogados atuando no STJ. Ambos votaram em pro- cessos de interesse dos clientes de seus filhos. Alegaram falhas no sistema do tribunal, que não os teria alertado para o impediment­o.

Num debate sobre a proposta de proibição de leitura de memoriais por advogados, Noronha afirmou: “Essa Corte está repleta de meninos ou de pessoas que estão se arvorando advogados no Tribunal Superior, que chegam aqui e não sabem o que fazer, nem como se dirigir aos ministros da Casa, e começam a ler memorial sem pé nem cabeça”.

No Conselho da Justiça Federal, Martins foi o relator, voto vencido (9 a 1), único a defender a abertura de processo disciplina­r contra um ex-presidente da Ajufer (Associação dos Juízes Federais da 1ª Região) suspeito de envolvimen­to nos empréstimo­s irregulare­s da Fundação Habitacion­al do Exército.

Durante dez anos, foram usados contratos fictícios com dados cadastrais de juízes que desconheci­am uma fraude que chegou a mais de R$ 20 milhões.

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