Sergio Moro condena João Santana a 8 anos de prisão
Publicitário de campanhas petistas recebeu dinheiro de caixa 2 no exterior
Mulher de marqueteiro foi condenado à mesma pena, pelo mesmo crime; o casal deve recorrer da sentença
Na primeira sentença da Operação Lava Jato no ano, o juiz federal Sergio Moro condenou nesta quinta-feira (2) o marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula e Dilma Rousseff, João Santana, a oito anos e quatro meses de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro.
Sua mulher, Mônica Moura, também foi condenada à mesma pena, pelo mesmo crime. Os advogados do casal devem recorrer da sentença.
Durante o processo, o casal admitiu que recebeu US$ 4,5 milhões em caixa dois, durante a campanha de Dilma em 2010, em contas não declaradas no exterior.
Os valores foram pagos pelo lobista Zwi Skornicki, que representava o estaleiro asiático Keppel Fels no Brasil.
Em audiência, Santana afirmou que o caixa dois era “generalizado” nas campanhas eleitorais e que havia uma “cultura” —embora o considerasse “uma prática nefasta e equivocada”.
Além deles e de Skornicki, também foram condenados na mesma ação o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, acusado de articular os pagamentos, e os delatores Eduardo Musa (ex-gerente da Petrobras) e João Carlos de Me- deiros Ferraz, que foi presidente da empresa Sete Brasil.
Para o magistrado, as explicações de que o casal seria “vítima da ‘cultura do caixa dois’” não foram convincentes. “A postura de não querer saber e a de não querer perguntar [a origem do dinheiro] caracterizam ignorância deliberada, e revelam a representação da elevada probabilidade de que os valores ti- nham origem criminosa.”
Moro, na sentença, ainda exortou os profissionais de campanhas eleitorais a “assumir a responsabilidade” no combate à corrupção.
“Está na hora de profissionais do marketing eleitoral assumirem a sua parcela de responsabilidade por aceitarem receber dinheiro não registrado e de origem e causa criminosa em campanhas eleitorais”, escreveu.
O casal de marqueteiros, que ficou seis meses preso, foi libertado em agosto passado e deve aguardar o recurso em liberdade. Ambos negociam acordo de delação.
Em caso de uma condenação definitiva, o tempo de cárcere deles em Curitiba deve ser descontado para cumprimento da pena total.
(ESTELITA HASS CARAZZAI)