Folha de S.Paulo

Maia vence e vai liderar reformas de Temer

Deputado do DEM foi reconduzid­o a comando da Câmara com 293 votos, contra 206 de seus adversário­s somados

- RANIER BRAGON DANIEL CARVALHO ANGELA BOLDRINI

Resultado tende a diluir o derrotado ‘centrão’ e abrir caminho para aprovação de propostas do Palácio do Planalto

A reeleição em primeiro turno de Rodrigo Maia (DEMRJ) para a presidênci­a da Câmara dos Deputados ajuda a consolidar a base aliada do governo, enfraquece o chamado “centrão” e abre caminho para a aprovação das reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB).

Um dos principais aliados de Temer no Congresso, Maia, 46, foi reeleito nesta quintafeir­a (2) para o cargo que o coloca como primeiro na linha sucessória da Presidênci­a da República nos próximos dois anos. O deputado teve 293 votos, contra 206 de seus adversário­s somados.

Aliados avaliam que a manifestaç­ão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Celso de Mello indeferind­o ações que tentavam inviabiliz­ar juridicame­nte a candidatur­a de Maia garantiram alguns votos a mais ao deputado, o que fez a disputa ser resolvida no primeiro turno.

O resultado é um baque no chamado “centrão”, grupo de legendas médias que se formou em torno do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) e que, nesta quinta, não conseguiu dar mais do que 105 votos ao principal adversário de Maia, Jovair Arantes (PTB-GO). O grupo, que é governista, tende a se diluir.

O Palácio do Planalto aposta que, em questão de dias, irá aparar essas arestas e pacificar sua base. “Tivemos uma disputa na base, o que é mais ou menos compreensí­vel quando temos uma base de 88% do Congresso, mas não houve, de nenhuma forma, um rompimento com o governo”, minimizou o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). Já aliados de Jovair prometem troco em votações.

A oposição lançou dois candidatos, André Figueiredo (PDT-CE), que teve 59 votos, e Luiza Erundina (PSOLSP), com 10. Segunda maior bancada da Casa com 58 cadeiras, o PT apoiou Figueiredo. A votação foi secreta.

Maia tem contra si a acusação de um executivo da Odebrecht de que —sob o apelido “Botafogo”—, foi beneficiár­io de R$ 600 mil. Ele nega qualquer irregulari­dade.

Nos pouco mais de seis meses de seu mandato-tampão —ele assumiu o cargo em julho após a renúncia de Cunha—, Maia se notabilizo­u pela grande afinidade com o Planalto, sendo classifica­do por adversário­s e aliados mais como líder do governo do que presidente da Câmara.

Ele integrou a linha de frente da defesa e aprovação da principal proposta legislativ­a de Temer em 2016, a emenda à Constituiç­ão que congela os gastos federais pelos próximos 20 anos.

O deputado promete manter a harmonia com o governo e liderar as reformas de Temer. Na primeira entrevista após a eleição, confirmou os nomes dos relatores das reformas previdenci­ária e trabalhist­a e disse esperar vê-las aprovadas até o meio do ano.

“A Câmara precisa ser protagonis­ta neste processo. Precisamos terminar 2018 com a certeza de que a Câmara comanda a reforma do Estado brasileiro. Este é meu objetivo e da maioria da Casa.”

Filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, Rodrigo Maia nasceu no Chile quando o pai estava exilado e está no quinto mandato consecutiv­o de deputado federal.

 ?? Alan Marques/Folhapress ?? Rodeado de deputados e servidores, Rodrigo Maia (DEM-RJ) ergue o filho ao comemorar reeleição à comando da Câmara
Alan Marques/Folhapress Rodeado de deputados e servidores, Rodrigo Maia (DEM-RJ) ergue o filho ao comemorar reeleição à comando da Câmara
 ?? Alan Marques/ Folhapress ?? Aliel Machado (Rede-PR) mostra a Rodrigo Maia (DEM-RJ) vídeo feito durante votação
Alan Marques/ Folhapress Aliel Machado (Rede-PR) mostra a Rodrigo Maia (DEM-RJ) vídeo feito durante votação

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