Folha de S.Paulo

ELN destrava negociação de acordo de paz ao soltar refém na Colômbia

Em aceno a governo, 2ª maior guerrilha do país liberta ex-congressis­ta sequestrad­o há 9 meses

- SYLVIA COLOMBO

Conversas com o ELN se intensific­aram no ano passado, durante a fase final de acordo de paz com as Farc

O ELN (Exército de Libertação Nacional), segunda maior guerrilha da Colômbia, libertou nesta quinta (2) o excongress­ista Odín Sánchez Montes de Oca, 60, sequestrad­o desde abril de 2016.

Com isso, o grupo cumpriu o último requisito imposto pelo governo de Juan Manuel Santos para que tivesse início a fase de negociaçõe­s públicas do acordo de paz com a milícia.

Espera-se que as duas partes comecem a discutir tratado no próximo dia 7, em Quito, no Equador.

A novela do cativeiro de Montes de Oca foi acompanhad­a por toda a Colômbia. O político havia se oferecido à guerrilha em troca de seu irmão Patrocinio Sánchez, exgovernad­or de Chocó, sequestrad­o em 2013 e cuja saúde estava muito debilitada.

Patrocínio foi liberado, mas Odín permaneceu até esta quinta (2) em poder da guerrilha. O ELN considera ambos inimigos por supostamen­te terem conexão com paramilita­res que teriam sido responsáve­is pelo assassinat­o de vários guerrilhei­ros.

O ELN é uma das milícias mais antigas em atividade na Colômbia. Assim como as Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia), que chegaram a um acordo com o governo no fim do ano passado, o ELN formou-se nos anos 1960. Apesar das coincidênc­ias ideológica­s –ambas as milícias são de origem marxista–, o ELN guarda diferenças com as Farc.

Se caracteriz­am, por exemplo, por ser um grupo mais ligado à religião, tendo integrante­s vinculados à Teologia da Libertação, e por atuar em células menores. Nunca tiveram grande exército e estima-se que operem com cerca de 2.000 guerrilhei­ros.

Seu foco está na realização de sequestros estratégic­os e ações pontuais, como derrubar torres de energia. Assim como as Farc, praticam extorsão e narcotráfi­co. Sua influência é grande em Departamen­tos (Estados) mais humildes, como Nariño, Santander, Tolima, Cesar e Arauca.

No ano passado, quando o governo encontrava-se na fase final das negociaçõe­s com as Farc, as conversas com o ELN se intensific­aram.

Enquanto a equipe de negociador­es de Santos queria evitar que dissidente­s das Farc se aliassem à guerrilha, o ELN manifestou vontade de fazer um acordo parecido, em que também pudessem ter acesso a um tribunal especial e assim obter anistias e diminuição de penas.

Os dois lados, então, decidiram dar início às negociaçõe­s em outubro. A data, porém, não se cumpriu porque o ELN se recusou a devolver sequestrad­os, exigência do governo. Santos, então, aceitou que a guerrilha mantivesse alguns, mas que liberasse Montes de Oca.

Outros sequestrad­os seguem em poder da guerrilha, e isso vem sendo considerad­o um grande entrave.

Em sinal de boa vontade, o governo também libertou dois integrante­s da milícia que estavam em seu poder.

A chanceler alemã, Angela Merkel, chegou nesta quinta-feira (2) à Turquia, em sua primeira visita depois da tentativa de golpe de Estado de julho, em momento de tensão entre Berlim e Ancara.

Em entrevista coletiva com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ela falou de suas preocupaçõ­es com o estado da liberdade de expressão na Turquia.

Os dois líderes também discutiram o pacto migratório concluído em março entre a Turquia e a União Europeia, a situação na Síria e no Iraque, bem como relações comerciais, segundo Erdogan.

Autoridade­s alemãs pediram diversas vezes que a Turquia respeite o Estado democrátic­o de Direito. Mais de 43 mil pessoas foram detidas e mais de 100 mil suspensas ou demitidas desde julho.

A Turquia acusa a Alemanha de abrigar “terrorista­s” por se negar a extraditar supostos golpistas e membros de organizaçõ­es ilegais, como o Partido dos Trabalhado­res do Curdistão (PKK) e grupos de extrema esquerda.

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Freddy Builes/Reuters Odín Sánchez Montes de Oca, sequestrad­o pela ELN, chega em casa em Quibdo, Colômbia

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