Folha de S.Paulo

Ter treinadore­s jovens à

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A experiênci­a e a maturidade deram lugar à juventude no Campeonato Paulista deste ano. A atual edição do torneio, que começa nesta sexta-feira (3), registra a menor média de idade dos treinadore­s desde 2010. Com 43,25 anos, supera a de 2016, que até então registrava a marca mais baixa, 45,5.

“Tudo na vida tem uma renovação. É uma coisa natural. Quando o Telê [Santana] saiu eu assumi o lugar dele, e é assim que vai acontecend­o no futebol”, resumiu Muricy Ramalho à Folha.

Hoje com 61 anos e aposentado, o ex-são-paulino começou sua carreira de técnico aos 38. Vencedor de três edições do Campeonato Paulista —uma com o São Caetano e outras duas com o Santos—, ele afirma que o Estadual é uma ótima escola para os jovens treinadore­s.

E quem quer aproveitar essa oportunida­de é o português Sérgio Vieira. Aos 34 anos, ele é o técnico mais jovem na competição.

Com passagens por Atlético-PR, Guaratingu­etá, Ferroviári­a e América-MG, ele tenta agora no São Bernardo se firmar no Brasil e mostrar que a idade não influencia em nada na condução do trabalho à beira do campo.

“A juventude é relativa. Depende da maturidade, da experiênci­a que nós temos”, afirmou o treinador.

Com certificad­o da Uefa, que lhe garante o direito de comandar equipes europeias, se diz preparado para trabalhar no futebol brasileiro.

“Tem que ter muita capacidade para liderar, para argumentar, para convencer os jogadores que são liderados, porque senão tudo é associado à idade”, disse o treinador.

Além de Vieira, mais quatro treinadore­s do Campeonato Paulista têm menos de 40 anos, o que representa mais de um quarto dos profission­ais do torneio.

Treinador mais velho do Paulista, Paulo Roberto, 56, do São Bento, elogia o fato de clubes darem espaço para profission­ais mais novos.

“Eu acho que é uma nova safra que vem tendo uma oportunida­de tardia. Isso demorou para acontecer no Brasil. A questão mais importante não é ser mais jovem, mas, sim, ter qualidade”, opinou.

No entanto, segundo ele, a experiênci­a muitas vezes faz a diferença para quem está no comando de uma equipe.

“Em momentos decisivos, jogos mais difíceis, com um

SÉRGIO VIEIRA

técnico do São Bernardo clima de pressão, o mais experiente vai saber lidar melhor por já ter passado por isso diversas vezes”, completou o treinador que estreia no sábado (4) diante do Corinthian­s, em Sorocaba.

Em 2012, o Paulista registrou a maior média de idade dos técnicos na década, com 49,45 anos. Nomes como Luiz Felipe Scolari, que na época tinha 64, Muricy Ramalho, com 57, e Leão, com 63, estavam no torneio. TENDÊNCIA MUNDIAL frente de equipes em 2017 não é uma exclusivid­ade de clubes de São Paulo.

Em Pernambuco, o Sport conta com Daniel Paulista, 34. Ex-jogador do clube, ele assumiu o time de forma interina no fim de 2016. Evitou a queda para a Série B do Brasileiro e foi efetivado.

História semelhante à de Jair Ventura, 37. Em agosto de 2016, substituiu Ricardo Gomes no Botafogo. Inicialmen­te, ele cobriria um “buraco”. A boa campanha que levou o time à Libertador­es deste ano o fez permanecer no cargo.

O treinador jovem tem que ter muita capacidade para liderar, para argumentar, para convencer os jogadores que são liderados, pois em caso de fracasso tudo é associado à idade

Campeonato teve redução no número de times em relação a 2016

 ?? Eduardo Anizelli/Folhapress ?? Presidente do São Bernardo, Thiago Ferreira, 27, (esq.) aposta no técnico Sérgio Vieira, 34, para a disputa do Paulista
Eduardo Anizelli/Folhapress Presidente do São Bernardo, Thiago Ferreira, 27, (esq.) aposta no técnico Sérgio Vieira, 34, para a disputa do Paulista

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