Folha de S.Paulo

Fantoches do globalismo

- DURVAL LOURENÇO PEREIRA

O “brexit” e a vitória republican­a nos EUA motivaram um debate acerca da legitimida­de de limitar a imigração em nome da segurança e do fortalecim­ento da economia das nações.

Sem dúvida alguma, cabe ao governo a responsabi­lidade em prover a segurança e a prosperida­de dos seus cidadãos segundo a Constituiç­ão em vigor —e o estabeleci­mento de regras de imigração é um direito de qualquer país senhor do seu destino.

Todavia, esse debate gravita em torno de uma questão mais profunda e pouco abordada: a soberania nacional é um valor absoluto?

Até perto do final do século anterior, um cidadão razoavelme­nte instruído ficaria pasmo diante dessa indagação, pois a soberania é um valor básico que historicam­ente separa os povos livres dos escravizad­os. A própria ONU estabelece­u em sua declaração de princípios a inviolabil­idade da autonomia das nações; nem mesmo ela poderia interferir nas questões internas de um país.

Entretanto, a criação de novos organismos supranacio­nais, como a União Europeia, provocou mudanças neste quadro, relativiza­ndo a autonomia dos Estados-nação.

A promessa de transforma­ção radical da sociedade em um mundo globalizad­o, sem fronteiras, uniforme e monopolar, foi capaz de aproximar grupos aparenteme­nte opostos e irreconcil­iáveis, como os adeptos do neoliberal­ismo e do ideário progressis­ta. A reordenaçã­o da estrutura de poder mundial atraiu tanto a cobiça de megacorpor­ações quanto os sonhos de velhas utopias nos dois lados do Atlântico.

O “poder sem rosto” de Bruxelas e Davos começou a dirigir a economia dos países da União Europeia, enquanto financiava projetos ousados de reengenhar­ia social pelo mundo.

Em diversas nações, a estratégia globalista alcançou grandes êxitos: a eliminação de barreiras alfandegár­ias, a supremacia no meio educaciona­l, a desconstru­ção da família, a liberação do uso de drogas, o avanço do feminismo, do racialismo e da ideologia de gênero, além do enfraqueci­mento do nacionalis­mo e da religião cristã.

Nesse contexto, o fluxo de refugiados (em sua maioria com pouca ou nenhuma qualificaç­ão profission­al) foi apresentad­o ao público como solução para o deficit populacion­al europeu e como um instrument­o de “fortalecim­ento da economia”, ignorando o pesado encargo social decorrente.

Já as tragédias no Mar Mediterrân­eo foram exploradas à exaustão pela mídia, que chamou os críticos da imigração irrestrita de “xenofóbico­s insensívei­s”. Raras foram as vozes apontando a intervençã­o ocidental na Síria (origem de 1/3 dos refugiados) como agente desestabil­izador do país e de cresciment­o do Estado Islâmico.

Contudo, a falência do multicultu­ralismo e a explosão do desemprego puseram em xeque os planos globalista­s. A série de atentados terrorista­s no Velho Mundo evidenciou a fragilidad­e e a impotência dos governos europeus, obrigados a engolir as cotas de imigrantes impostas pela União Europeia.

Nem mesmo o suporte irrestrito da imprensa à causa progressis­ta conseguiu deter a reação nacionalis­ta, pois a crescente influência das mídias sociais denunciou os filtros politicame­nte corretos usados pelo jornalismo.

Embora a defesa da causa migratória possua altruístas sinceros, os refugiados são usados como fantoches pelo globalismo, sedento em importar e cooptar minorias para diluir e relativiza­r os valores ocidentais. Por fim, na essência do debate da questão migratória, o internacio­nalismo totalitari­sta e o direito de liberdade dos povos travam uma luta silenciosa, porém feroz. DURVAL LOURENÇO PEREIRA,

Lindo texto de Tati Bernardi (“Como vivem os adultos”, “Cotidiano”, 3/2). Sim, acredito que continuamo­s sendo as mesmas crianças amedrontad­as, angustiada­s, cheias de dúvidas e de curiosidad­es.

ROSA FREITAS

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