1950-2017 Marisa Letícia, mulher de Lula, morre aos 66 anos em São Paulo
Ex-primeira-dama sofreu AVC e tinha quadro considerado irreversível desde quarta-feira (1º)
Discreta e desbocada, ‘galega’, que conheceu marido em 1973, nunca quis ter protagonismo; Temer decretou luto
Marisa foi precoce também no casamento. Aos 19, uniuse com o taxista Marcos Cláudio. Sete meses depois, ainda grávida de seu primeiro filho, ficou viúva. O marido fora assassinado a tiros numa tentativa de assalto.
Em 1973, conheceu Lula, ou “Lu”, como o chamava. Foi até o Sindicato dos Metalúrgicos buscar um carimbo para retirar sua pensão e viu o petista deixar cair, de propósito, sua carteira de sindicalizado, para mostrar que era igualmente viúvo.
Amigos da época contam que o petista, inclusive, demorou a liberar a documentação da jovem, que precisou voltar diversas vezes ao sindicato. Menos de um ano depois, estavam casados.
Pessoas próximas da família ressaltam o cuidado minucioso dela com os filhos Marcos, do primeiro casamento, Fábio, Sandro e Luís Cláudio, frutos da união com Lula. NADA MUDA Era Marisa quem cuidava das contas e da arrumação da casa. Quando se tornou primeira-dama, petistas acreditavam que ela poderia atuar em projetos sociais do governo, já que foi figura importante na fundação do PT.
O empenho era tanto que há uma lenda dentro da sigla de que foi Marisa quem costurou a estrela da primeira bandeira do PT.
Nesse quesito, dizem petistas, a “galega” decepcionou. Ela não se envolveu diretamente com nenhum projeto, como havia prometido, e teve papel bastante apagado, com aparições ao lado de Lula apenas em eventos.
Não falava publicamente. A repulsa ao público era sabida. Detestava “ficar fugindo de jornalistas” e prometia não mudar “nada” caso Lula fosse eleito.
“Não vou ficar tomando chá das cinco com as madames da LBA (Legião Brasileira da Assistência)”, disse Marisa à Folha em 1989, quando Lula perdeu para Fernando Collor.
Quem é próximo do casal diz que Marisa realmente não mudou. Continuou discreta, mas desbocada.
Em março do ano passado, o vazamento do áudio de uma conversa entre ela e o filho Fábio trouxe a personalidade da ex-primeira-dama mais uma vez aos holofotes.
Marisa chamava de “coxinhas” os manifestantes que bateram panelas durante fala de Lula na TV e dizia que eles deveriam “enfiar a panela no cu”. DILMA A postura de militante também encontrou abrigo na crise do governo de Dilma, com quem Marisa nunca teve boa relação.
A ex-primeira-dama costumava dizer que Dilma era responsável pelo desgaste da imagem do PT e reclamou, diversas vezes, que a então presidente não defendia Lula publicamente quando a Lava Jato começou a avançar sobre a família do petista.
Marisa Letícia foi investigada ao lado de Lula na aquisição e reforma de um tríplex, no Guarujá (SP). Ela também é mencionada nas investigações relacionadas à reforma de um sítio, em Atibaia (SP), utilizado pela família.
É apontada por pessoas próximas como quem pediu —e comandou— as obras supostamente bancadas por empreiteiras. Era ré junto com Lula em duas ações penais. Com a morte, o processo contra Marisa é extinto.