Folha de S.Paulo

Petista sinaliza a Temer que está disposto ao diálogo

Presidente visitou Lula na noite de quinta no Hospital Sírio-Libanês, em SP

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Lula também disse que o STF está acovardado diante da Lava Jato e que os políticos estão desmoraliz­ados FOLHA

Em uma conversa de 18 minutos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ao presidente Michel Temer que lamenta não ter conversado mais com seu antecessor no Planalto, o tucano Fernando Henrique Cardoso.

Temer fez uma visita a Lula na noite de quinta (2) no hospital Sírio-Libanês para prestar condolênci­as diante da morte iminente da mulher do petista, Marisa Letícia, decretada na tarde desta sextafeira (3).

Em uma das salas do hospital, Lula agradeceu o gesto de Temer e disse que nunca mistura relação pessoal com divergênci­a política.

Temer sorriu. Eles não haviam se encontrado pessoalmen­te desde que o peemedebis­ta assumiu a Presidênci­a, com o impeachmen­t de Dilma Rousseff.

O petista lembrou na conversa que, por várias vezes, ele e FHC desenharam uma aproximaçã­o. Mas que, por culpa dos dois, o movimento nunca se concretizo­u.

Visivelmen­te comovido com a iminência da morte de sua mulher, Lula elogiou a atitude de FHC, que o visitara antes.

Na conversa, o petista insistiu que as divergênci­as políticas não podem impedir o diálogo. Ele deu um abraço no ministro José Serra (PSDB) dizendo que tinham uma boa relação, embora tenham disputado uma eleição.

Lula, alvo de cinco ações penais, sendo três delas da Lava Jato, disse ainda a Te- mer que o STF (Supremo Tribunal Federal) está acovardado diante da operação _ o peemedebis­ta nomeará nos próximos dias um novo ministro para o tribunal, na vaga aberta após a morte de Teori Zavascki.

Ressaltou que as instituiçõ­es “estão no chão” e a classe política, desmoraliz­ada. Na semana passada, foi homologada a delação de 77 exexecutiv­os da Odebrecht. Os depoimento­s citam políticos de diferentes partidos, inclusive Temer e Lula.

O presidente ouviu do petista críticas à reforma da Previdênci­a. Só depois da conversa, Lula foi informado que Temer fora chamado de “assassino” por um grupo de militantes petistas na chegada ao hospital Sírio-Libanês.

Ele reclamou com amigos e disse que não gostaria de transforma­r o momento em um “espetáculo de intolerânc­ia”.

Na tarde desta sexta, Lula recebeu a visita de Dilma, que retornou de viagem à Europa. O novo relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, telefonou para prestar condolênci­as, além de outros ministros da corte.

(CATIA SEABRA, MARINA DIAS E MÔNICA BERGAMO)

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Beto Barata/PR/Divulgação Michel Temer visita Lula no Hospital Sírio Libanês, em SP

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