Folha de S.Paulo

Tentativa de ataque ao Louvre reacende tensão na França

Homem com faca é parado a tiros por policiais; episódio reforça debate sobre terror em meio a eleição presidenci­al

- DIOGO BERCITO

Agressor gritou ‘Deus é maior’ em árabe; Le Pen, da extrema direita, diz que caso demanda ‘medidas radicais’

Um homem armado com uma faca atacou soldados franceses nesta sexta-feira (3) na entrada do Museu do Louvre, em Paris, e foi atingido por disparos dos militares.

De acordo com as autoridade­s parisiense­s, o homem correu em direção à patrulha fazendo ameaças e gritando “Deus é maior” em árabe. Ele teria ao menos uma faca, possivelme­nte duas, e feriu levemente um dos soldados.

Segundo o procurador da República em Paris, François Molins, o autor foi identifica­do como o egípcio Abdullah Reda al-Hamamy, 29, que entrou na França com um visto de turista vindo de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Molins disse que o criminoso teria alugado em 26 de janeiro um apartament­o em em Paris. Dois dias depois, comprou duas facas militares em uma loja de armas.

O ataque, a menos de três meses das eleições presidenci­ais, trouxe de volta um clima de tensão à França, alvo de três grandes ataques em pouco mais de dois anos. A segurança é um dos principais temas no pleito de abril.

O presidente socialista, François Hollande, elogiou a coragem e a determinaç­ão dos soldados, afirmando haver poucas dúvidas sobre a natureza terrorista da ação.

Marine Le Pen, da sigla de extrema-direita Frente Nacional, também saudou a ação, mas disse que é preciso “medidas radicais contra o flagelo do terrorismo islâmico”.

Rival de Le Pen, o conservado­r François Fillon, do Republican­os, destacou a relevância das forças de segurança no combate ao terrorismo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse numa rede social que o agressor representa “um novo terrorismo islâmico radical”. “Turistas foram trancados. França no limite outra vez.”

A França foi alvo de um grande ataque em novembro de 2015, deixando 130 mortos em Paris e nas imediações da capital. Desde então, o país continua em estado de emergência. O status deve ser mantido até o pleito.

Hollande é criticado pela forma de lidar com as ameaças ao país. Em julho de 2016, 85 pessoas morreram após um terrorista avançar com um caminhão contra uma multidão, em Nice.

A França tem progressiv­amente rumado à direita nos últimos anos e os conservado­res são beneficiad­os pela sensação de inseguranç­a. Le Pen, por exemplo, faz campanha pela restrição à imigração. ATAQUE O agressor tentou entrar às 10h locais (7h em Brasília) em uma galeria comercial embaixo do museu, carregando duas malas. Um soldado disparou cinco vezes, e o homem armado —que não tinha explosivos— ficou gravemente ferido. Além do agressor, uma segunda pessoa foi detida.

A região do Louvre foi interditad­a, e o museu, fechado, assim como estações de metrô próximas. Testemunha­s afirmaram que funcionári­os reuniram os 1.250 visitantes do museu e pediram que ficassem longe das janelas.

O Louvre reabrirá já neste sábado (4). O museu abriga relíquias artísticas, como a Monalisa, de Leonardo da Vinci, e arqueológi­cas, como o Código de Hamurabi.

Apesar de ser o museu mais visitado do mundo, o Louvre tem sofrido uma redução do número de visitantes após a série de ataques. Em 2016, foram 7,3 milhões, 14,5% a menos que em 2015.

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Christophe Ena/Associated Press Policiais patrulham entrada do museu do Louvre, em Paris, após tentativa de ataque

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