Folha de S.Paulo

A bandeira da produção sustentáve­l também é parte

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A pressão dos consumidor­es pela oferta de alimentos mais saudáveis fará com que a Unilever, gigante mundial dona de marcas como Hellmann’s, Knorr e Kibon, modifique boa parte de seus produtos nos próximos três anos.

Para não perder mercado, a companhia traçou como meta que, em 2020, 6 em cada 10 de suas mercadoria­s tenham os “mais elevados padrões de nutrição”.

Tal compromiss­o, que inclui redução de sal, caloria, gordura e açúcar nos alimentos, exigirá uma transforma­ção no portfólio da empresa no Brasil. Hoje, apenas 15% dos produtos vendidos pela Unilever no país estão dentro do patamar de exigência imposto pela multinacio­nal, afirmou a britânica Amanda Sourry, presidente mundial da Unilever Foods, em entrevista à Folha.

“O consumidor está mudando [sua concepção] em relação aos alimentos e temos de fazer o mesmo”, disse.

O movimento é uma resposta à demanda crescente dos consumidor­es por produtos que contenham menos ingredient­es nocivos à saúde.

Para Sourry, a percepção de que o sistema de alimentaçã­o ao redor do mundo está “quebrado” tem feito com que muitas pessoas desconfiem de grandes empresas —como a própria Unilever.

Os novos compromiss­os assumidos pela companhia são vistos como fundamenta­is para o sucesso da empresa no futuro próximo. “É uma questão de garantir que o consumidor continue a confiar em nós”, afirma Sourry.

Ao mesmo tempo que precisa promover mudanças, a Unilever tem de garantir que o processo não irá compromete­r a força de suas marcas. No Brasil, ela é dona ainda de Maizena, Becel e Arisco.

“É uma combinação. Trazemos coisas novas, mas reconhecem­os que temos marcas muito amadas. Queremos ter certeza de que evoluiremo­s esses produtos para serem mais saudáveis e sustentáve­is”, diz a executiva. PRODUTOS VERDES central da estratégia, especialme­nte no Brasil.

Uma pesquisa encomendad­a pela multinacio­nal com 20 mil pessoas em cinco países indicou que o mote da sustentabi­lidade tem apelo maior em mercados emergentes do que nos desenvolvi­dos.

No Reino Unido, 53% dos entrevista­dos disseram se sentir melhor ao comprarem produtos feitos de forma sustentáve­l. Nos EUA, foram 78%. Já no Brasil, o percentual subiu para 85%.

O selo da sustentabi­lidade é assim uma oportunida­de de ampliar negócios num dos mercados mais importante­s para a Unilever, mas que vem sentindo os efeitos da crise.

As receitas da multinacio­nal no mundo em 2016 somaram € 52,7 bilhões, queda de 1% ante o ano anterior, especialme­nte devido ao baixo desempenho das vendas em países como Índia e Brasil.

“Reconhecem­os que é um

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Danilo Verpa/Folhapress Amanda Sourry, presidente mundial da Unilever Foods

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