Folha de S.Paulo

Institutos de pesquisa têm falta de pessoal

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DE SÃO PAULO

Os institutos de pesquisa do Estado de São Paulo sofrem com a falta de recursos financeiro­s e humanos. Sem a reposição de quadros de funcionári­os, alguns serviços importante­s, como a produção de drogas, podem ser prejudicad­os ou interrompi­dos.

“Há hoje no Ipen [Intutto de Pesquisas Energética­s e Nucleares] uma enorme escassez de recursos humanos especializ­ados. O deficit vem de contínuas aposentado­rias, mortes e transferên­cia de funcionári­os nos últimos dez anos, praticamen­te sem reposição do quadro”, diz o diretor de pesquisa, desenvolvi­mento e ensino, Marcelo Linardi.

“Várias atividades de pesquisa do Ipen se encerraram ou estão funcionand­o precariame­nte, na iminência de extinção. As consequênc­ia serão duras para a sociedade, pois tratam-se de produção de radiofárma­cos, análises ambientais e serviços tecnológic­os diversos”, afirma.

Um pesquisado­r de um outro instituto, sob anonimato, disse que antes trabalhava­m 32 funcionári­os em seu núcleo de pesquisa, e nove eram pesquisado­res. Hoje, restam seis funcionári­os ao todo (três pesquisado­res).

Ele relata ter trabalhado por anos de dentro de um banheiro, onde improvisou um laboratóri­o. Só mais tarde conseguiu financiame­nto para montar um espaço de trabalho adequado.

O pesquisado­r também afirma que frequentem­ente são escolhidas pessoas sem produção intelectua­l e sem doutorado para dirigir as instituiçõ­es. A indicação, que cabe às secretaria­s estaduais às quais os institutos se vinculam, seriam muitas vezes meramente políticas e deletérias para as entidades.

Ele cita ainda uma desvantage­m na hora de receber financiame­nto em comparação com os colegas de universida­des, que saem na dianteira por ter um número maior de alunos —critério utilizado na avaliação do currículo do cientista.

Para Linardi, os R$ 120 milhões do acordo entre o governo do Estado e a Fapesp “podem favorecer solicitaçõ­es de modernizaç­ão de infraestru­tura, bem como capacitaçã­o laboratori­al dos institutos com equipament­os e obras e ainda itens de fora do escopo de atuação da agência”. (GA)

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