Folha de S.Paulo

Sim. Quando você pega um time grande na Série B tem

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Antônio Carlos Zago, 47, estudou quase dois anos na Europa. Queria retornar ao Brasil com a certeza de que está preparado para treinar qualquer clube do país.

Após garantir o acesso do Juventude à Série B do Brasileiro na temporada passada, o técnico paulista foi contratado pelo Internacio­nal, no fim de 2016, com a missão de recolocar o time gaúcho na elite do futebol. À Folha, ele afirmou que este será o maior desafio da carreira.

“Quando você pega um time grande na Série B, você tem quase como obrigação recolocá-lo na Série A”, diz.

Antes do objetivo principal da temporada, que é retornar à primeira divisão, Zago tem o Campeonato Gaúcho pela frente. Neste sábado (4), o Inter recebe o Novo Hamburgo, às 17h, no Beira Rio. Na estreia do Estadual, empatou em 1 a 1 com o Veranópoli­s. Folha - O seu desempenho como técnico não foi bom no início, mas melhorou após um intercâmbi­o na Europa. Você mudou seus conceitos após esse tempo fora?

Antônio Carlos Zago - Se você pegar a questão de percentual, o que eu fiz nos times em que passei [como técnico] foi bom. É lógico, depois que eu fui para a Europa e fiz os cursos, tive a parte teórica junto com a prática e melhorei bastante. Isso foi importantí­ssimo para que eu fizesse o trabalho que fiz no Juventude no último um ano e meio. Mas o começo não foi dos piores. No Brasil é difícil. Quando o time não está bem, a culpa é do treinador. A Europa te preparou para ser técnico aqui no Brasil?

O estudo, o trabalho que desempenhe­i nos últimos três anos antes de chegar ao Juventude foi importantí­ssimo para que hoje eu estivesse preparado para assumir qualquer equipe do futebol brasileiro. Sinto-me assim, falo com orgulho e estou preparado para esse desafio que vou ter pela frente aqui no Internacio­nal. O trabalho no Inter é o maior desafio de sua carreira? quase a obrigação recolocá-lo na Série A. Eu tive uma experiênci­a como diretor em um clube grande na Série B, que foi o Corinthian­s. É lógico que como treinador é bem mais difícil, mas eu não posso pegar como exemplo o que aconteceu com o Vasco da Gama no ano passado. Eles só conseguira­m o acesso na última rodada. Com o Corinthian­s, subimos com cinco ou seis rodadas de antecedênc­ia. Quanto tempo de curso você fez na Europa?

Foram praticamen­te dois ano. Estudei em Florença, na Itália, em Coverciano, onde é o centro de treinament­o da seleção italiana. Fiz o curso Uefa B [para trabalhar em times de base], em Roma. O Uefa A [para equipes profission­ais] e o Uefa Pro [para clubes nas divisões de elite da Europa] eu fiz em Coverciano. Hoje tenho o certificad­o para trabalhar na Europa. Entre Mourinho e Guardiola, quem você prefere?

Talvez o Guardiola tenha uma coisa assim mais natural, de fazer com que os jogadores entendam seu jogo. O Mourinho já é um pouco mais esforçado. Ele tem que trabalhar um pouco mais, se esforçar mais. Acho que a gente olha o Guardiola como se fosse o Messi e o Mourinho como se fosse o Cristiano Ronaldo. Outro técnico de sucesso na Europa é o Simeone. Você deu uma cusparada nele quando eram jogadores. Fizeram as pazes? Outro episódio que marcou sua carreira foi a injúria racial quando ainda era jogador do Juventude. É o seu maior arrependim­ento?

É um arrependim­ento. Em cima daquilo que eu falei, eu paguei. Eu não fui o único. É que me pegaram naquele dia em cima de um gesto que não se deve fazer. Mais importante naquele momento foram meus amigos da raça negra estarem do meu lado, estarem me apoiando. Eu sabia que iria sofrer naquele momento. Foi uma coisa que ficou marcada na minha carreira. O ser humano às vezes está preparado para falar primeiro mal da pessoa do que bem. Tanto esse episódio que aconteceu na minha carreira como a cusparada no Simeone foram gestos que nenhum jogador, nenhuma pessoa pode cometer.

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