Folha de S.Paulo

O que aprender com o Super Bowl

- MARILIZ PEREIRA JORGE COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

O SUPER Bowl está para o esporte como o Carnaval está para a festa. Não há no mundo quem faça um espetáculo tão impression­ante como a nossa farra momesca, mas em se tratando de evento esportivo ainda temos que comer muita grama para chegar aos pés dos americanos.

Eles conseguira­m fazer uma final de futebol americano que não é apenas um jogo, mas um evento plural, com esporte, música, comida. Por isso, tem a capacidade de entreter até quem não é fã da modalidade.

Para se ter uma ideia, o domingo do Super Bowl é o segundo dia do ano em que mais se consome comida nos Estados Unidos, atrás apenas do feriado de Ação de Graças, uma das datas mais celebradas no país.

Hoje, o Super Bowl é o evento esportivo mais valioso do mundo (US$ 630 milhões), na frente de Olimpíada (US$ 366) e Copa do Mundo (US$ 229), segundo levantamen­to da revista “Forbes”. Passou a ser o mais assistido nos EUA e figura entre os mais vistos mundialmen­te.

Os intervalos do jogo, ocupados originalme­nte por bandas marciais universitá­rias, são tão ou mais esperados do que a competição. A cada ano a expectativ­a só aumenta para saber quem estará no palco, que já teve Madonna, Rolling Stones, Prince, Michael Jackson. Este ano será Lady Gaga.

Tudo é tão organizado —e explorado, para que ninguém mude de canal durante o intervalo para ver propaganda de TV. Isso mesmo. Os comerciais de 30 segundos, que custam US$ 5 milhões, tornaram-se atrações vistas, comentadas, compartilh­adas. Foi no Super Bowl que a Apple anunciou o lançamento do Macintosh, em 1984, num comercial dirigido por Ridley Scott.

Há dois anos, estava nos EUA, no dia de um Super Bowl. Ruas estavam vazias, enquanto havia fila na porta de restaurant­es e bares. Os únicos dois que ainda aceitavam torcedores cobravam US$ 150 de consumação.

Uma bagatela perto do que custa um ingresso, é verdade. Desisti e fui para a Bed, Bath & Beyond mais próxima e passei umas boas horas numa loja gigantesca, deserta, com um vendedor só para mim. O vazio da loja explica o sucesso do Super Bowl, que vale a pena acompanhar mesmo que pela TV.

Não há nada parecido no Brasil, apenas os jogos da Copa, que acontecem de quatro em quatro anos. ERRAMOS Diferentem­ente do que informei nesta coluna na semana passada, o presidente da CBF Marco Polo Del Nero esteve no estádio do Engenhão no dia da homenagem feita ao time da Chapecoens­e. O UOL noticiou no dia da partida que Del Nero não compareceu ao evento realizado no gramado do Engenhão, onde foi feita uma homenagem aos jogadores, e eu repliquei a informação.

Segundo a assessoria da CBF, Del Nero “recebeu os sobreviven­tes, famílias das vítimas, a delegação colombiana e outros convidados para assistir ao jogo na Tribuna da CBF”.

Peço desculpas aos leitores pelo erro e aproveito para atualizar minha crítica. Evitar ir ao gramado, como fizeram todas as autoridade­s na ocasião da homenagem feita no estádio Atanásio Girardot, na Colômbia, e receber convidados no aconchego do anonimato, longe do crivo dos torcedores, é uma ótima estratégia para passar despercebi­do.

Del Nero não enfrenta o público com medo de vaia, assim como viagens internacio­nais com medo do xilindró. Fora, Del Nero.

Final do futebol americano nos EUA tem a capacidade de entreter até quem não é fã da modalidade

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