Folha de S.Paulo

Casa Branca acusa mídia de ‘esconder’ ataques terrorista­s

Após discurso de Trump, governo divulga lista com atentados amplamente cobertos pela imprensa, como os de Paris e Bruxelas

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Em mais uma crítica à imprensa, Donald Trump afirmou na segunda-feira (6) que atos de terrorismo cometidos por militantes islâmicos na Europa vêm ocorrendo sem serem noticiados.

“Está acontecend­o em toda a Europa. Chegou a um ponto em que isso nem sequer está sendo noticiado. E em muitos casos a imprensa muito, muito desonesta, não quer noticiar. Ela tem suas razões, e vocês entendem isso.”

Trump, que fez da derrota da facção Estado Islâmico um objetivo central de seu governo, não especifico­u, no entanto, quais seriam os ataques não relatados, nem citou especifica­mente qualquer organizaçã­o de mídia.

Em certo momento, chegou a citar os atentados nas cidades francesas de Paris e Nice, que receberam intensa cobertura da imprensa.

Para corroborar a tese do mandatário, a Casa Branca divulgou uma lista de 78 ataques em todo o mundo que descreveu como tendo sido “executados ou inspirados” pelo EI, ocorridos entre setembro de 2014 e dezembro de 2016. Menos de metade deles ocorreu na Europa.

“As redes de TV não estão devotando a cada um deles o mesmo nível de cobertura que devotavam”, disse uma autoridade da Casa Branca. “Não se pode permitir que isso se torne o ‘novo normal’”.

Os ataques da lista que resultaram em muitos mortos receberam cobertura exaustiva, como as explosões em Bruxelas em março de 2016; o ataque a tiros em San Bernardino, Califórnia, em dezembro de 2015; e os ataques em Paris em novembro de 2015.

Alguns ataques que deixaram menos mortos também foram amplamente cobertos.

A Casa Branca não deu nenhum exemplo que fundamente a alegação de Trump. Além disso, a lista contém erros de digitação, como a palavra “attacker” (agressor, em português), grafada como “attaker”, e nomes de cidades grafados incorretam­ente.

Na semana passada, ao defender o decreto anti-imigração do governo Trump, Kellyanne Conway, uma das principais assessoras do presidente, citou um “massacre de Bowling Green” (no Estado do Kentucky), ocultado pela mídia. O atentado, entretanto, nunca ocorreu. ROUPÃO O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, também se envolveu em nova polêmica.

Em resposta a uma reportagem do jornal “The New York Times”, que afirmava que o presidente passa algumas noites assistindo à TV vestindo um roupão de banho, Spicer disse: “Vamos co- meçar do começo: eu acho que o presidente nem sequer tem um roupão. Ele definitiva­mente não usa um”.

O texto narrava os esforços da equipe de Trump para se adaptar à residência oficial do presidente norte-americano.

“Essa é, literalmen­te, a epítome do ‘fake news’ [termo utilizado pela administra­ção para criticar o que chama de ‘notícias falsas’]”, afirmou.

Em texto sobre o caso, o “NYT” lembra que os funcionári­os da residência oficial fornecem um estoque de roupões de banho ao presidente.

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