Vice dos EUA dá voto de desempate para confirmar secretária
Também presidente do Senado, Mike Pence precisou intervir para garantir indicada por Trump para Educação
Maioria na Casa não bastou para aprovar Betsy DeVos, pois duas senadoras republicanas votaram contra ela
Com um incomum voto de desempate do vice-presidente americano, o Senado dos EUA aprovou nesta terça-feira (7) o nome da filantropa Betsy DeVos, 59, como secretária de Educação.
Apesar de os republicanos terem maioria de 52 dos 100 assentos do Senado, DeVos só obteve 50 votos favoráveis à sua indicação —e 50 contra.
O empate, o primeiro numa nomeação para o gabinete presidencial na história dos EUA, foi superado com o voto favorável do vice, Mike Pence —que, pela legislação americana, é também o presidente do Senado. Os vices podem votar apenas em situação de empate.
A última vez que um vice precisou desempatar uma votação foi em 2008, quando o republicano Dick Cheney deu seu voto em um projeto de lei sobre impostos.
Os dois votos republicanos contrários a DeVos foram de Susan Collins (Maine) e Lisa Murkowski (Alasca). Os democratas chegaram a fazer uma “vigília” durante a madrugada desta terça, com um revezamento de discursos, na tentativa de conseguir converter mais algum voto republicano e barrar a nomeação.
A principal crítica a DeVos é que a bilionária ativista educacional, que defende a política de “vouchers” para pais poderem matricular os filhos em escolas privadas, vá enfraquecer o ensino público.
Hoje, cerca de 90% das crianças americanas frequentam as quase 100 mil escolas públicas nos EUA.
As particulares cobram anuidade e são a opção escolhida especialmente por quem quer matricular os filhos num tipo específico de ensino, como os religiosos.
Ativistas e profissionais de educação citam o fato de DeVos nunca ter trabalhado com educação e dizem temer sua falta de familiaridade com o ensino público.
Pouco depois da aprovação, Trump disse que o voto em DeVos foi “para que cada criança tenha a chance de uma educação de primeira classe”. A nova secretária tomou posse ainda nesta terça. GABINETE no Senado, Trump tem enfrentado grande resistência para confirmar sua equipe na Casa.
Dos 23 indicados por Trump que precisam de confirmação do Senado —entre secretários e diretores de agências—, só sete já foram aprovados, contando DeVos.
São eles: os secretários de Estado (Rex Tillerson), de Defesa (James Mattis), de Segurança Doméstica (John Kelly) e de Transportes (Elaine Chao), além do diretor da CIA (Mike Pompeo) e da embaixadora na ONU (Nikki Haley).
Obama, no mesmo período, já tinha 16 nomes aprovados de seu gabinete.
Os senadores republicanos têm criticado os democratas por tentarem atrasar a formação do governo.
Os opositores, por sua vez, dizem que a culpa é de Trump, que escolheu nomes controversos para as pastas.
Nesta semana, são esperadas as votações das nomeações do secretário de Justiça (o senador pelo Alabama Jeff Sessions), do secretário de Saúde (o deputado da Geórgia Tom Price) e do secretário do Tesouro (o banqueiro Steven Mnuchin). (ISABEL FLECK) GUILHERME MAGALHÃES, John Kelly (Segurança Doméstica) Nikki Haley (Embaixadora na ONU) CONFIRMADOS EM COMISSÃO, FALTA PLENÁRIO > Jeff Sessions (Justiça) > Steven Mnuchin (Tesouro) > Ryan Zinke (Interior) > Wilbur Ross (Comércio) > Tom Price (Saúde) > Ben Carson (Habitação) > Rick Perry (Energia) > Scott Pruit (Agência de Proteção Ambiental) > Mick Mulvaney (Orçamento) > Linda McMahon (Pequena Empresa) ENTENDA
Quem passa por Sabatina do senado? Todos os secretários indicados pelo presidente; só o chefe de gabinete da Casa Branca não precisa ser sabatinado
Comissão Cada indicado é ouvido pela comissão do Senado correspondente a sua função (o secretário de Justiça, por exemplo, tem de ir à Comissão de Justiça). Aprovado na comissão, o nome do indicado segue para voto no plenário 2 Independentes